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    Interestelar
    Críticas AdoroCinema
    4,5
    Ótimo
    Interestelar

    Ao infinito e além

    por Lucas Salgado

    Interestelar é o filme mais ambicioso de Christopher Nolan. E olha que estamos falando do cara que fez a trilogia do O Cavaleiro das TrevasA Origem. Em seu novo projeto, o diretor decidiu realizar um longa sobre o homem, abordando sua natureza devastadora, mas também exploradora e empreendedora. 

    Fã de 2001 - Uma Odisséia no Espaço, Nolan faz uma homenagem ao cinema de Stanley Kubrick e à obra de Arthur C. Clarke, mas o espectador deve evitar entrar em maiores comparações entre as produções, afinal estamos falando de um dos maiores clássicos da história da ficção científica. Interestelar é um filme que merece escrever sua própria história, sem ficar sofrendo com comparações inadequadas.

    Por outro lado, é difícil não lembrar de Kubrick diante da visão de futuro criada por Chris Nolan e pelo irmão Jonathan Nolan. Pode-se dizer até que o futuro de Nolan aqui é mais ambicioso do que o visto em 2001, para um filme de 1968.

    Em um futuro não determinado, mas também não muito distante, o engenheiro espacial Cooper (Matthew McConaughey) trabalha como fazendeiro cultivando milho para alimentar a população mundial. A maioria dos alimentos da Terra já acabaram e as plantações que restam são constantemente atacadas por pestes e tempestades de poeira. Ao lado dos filhos e do sogro (vivido pelo ótimo John Lithgow), ele vive simplesmente, mas se incomoda com o fato da humanidade ter se contentado em sobreviver e esquecido seu lado empreendedor.

    A primeira parte do filme busca construir as relações humanas do protagonista, que embarca em uma jornada importante que pode ser a última esperança para a população do planeta. Ele é chamado para liderar uma missão espacial que busca explorar novos planetas que podem substituir a Terra. Não vou entrar em mais detalhes sobre a trama para não estragar a experiência de ninguém. Temos reviravoltas importantes e algumas surpresas.

    A montagem de Lee Smith merece elogios, principalmente pelo fato de conseguir fazer o filme fluir bem nos momentos mais reflexivos e mesmo contando com quase três horas de duração. A presença de depoimentos logo no início do filme, sugerindo um falso documentário também é interessante, fazendo uma ligação boa com o desfecho.

    A direção de arte minuciosa e o ambicioso design de produção colocam o filme como um marco da ficção científica na Hollywood do século XXI, principalmente por tudo (ou melhor, quase tudo) parecer possível, como os robôs que são claras referências ao monolito de 2001, num ótimo trabalho também da equipe de efeitos visuais. A criação do som também é primorosa, lembrando muito o recente Gravidade, especialmente nos momentos em que investe no completo silêncio do espaço.

    Parceiro tradicional de Nolan, o compositor Hans Zimmer, que brilhou em A Origem, não se sai tão bem. A trilha tem momentos bonitos e contemplativos, mas também soa exagerada em outras sequências. O mesmo se pode dizer da fotografia de Hoyte Van Hoytema, que consegue ser deslumbrante por 90% do tempo, mas que gasta outros 10% com flares (com luz sendo jogada diretamente na lente da câmera). Talvez tenha sido uma homenagem dos Nolan ao amigo J.J. Abrams, com quem Jonathan trabalhou em Person Of Interest

    Interstellar (no original) aborda temas como o desperdício, abandono, solidão e desespero. É um filme sobre humanidade, retratando a capacidade do homem de ser devastador, mesquinho e ao mesmo tempo sonhador e iluminado. Também é um longa sobre o nosso lugar, insignificante, dentro do universo, sendo quase que uma declaração de amor do diretor à ciência.

    Apesar disso, não se trata de uma obra completamente empírica e fundamentada. O sentimento também faz parte das conquistas do homem e aqui é tratado como algo fundamental para a narrativa. Neste sentido, o filme oferece algumas cenas realmente emocionantes. Do ponto de vista da ação, também conta com momentos marcantes, que irão arrepiar o espectador.

    Matthew McConaughey tem uma atuação incrível. Em determinado momento, quando encontra problemas no espaço, a câmera foca apenas em seu rosto, fazendo com que o espectador tenha noção do quão grave é a situação apenas por sua expressão. Ele tem uma química muito boa com a jovem atriz Mackenzie Foy, que vive a filha de Cooper, Murph, quando criança. A garota está incrível, nos fazendo esquecer que um dia foi a filha de Bella Swan e Edward Cullen em A Saga Crepúsculo: Amanhecer.

    Jessica Chastain, sempre ótima, vive Murph quando adulta, enquanto que Anne Hathaway volta a ter uma grande atuação, mostrando força e naturalidade como a Dra. Brand. O elenco conta ainda com as presenças de Michael CaineCasey AffleckEllen BurstynTopher GraceWes BentleyMatt Damon.

    Talvez gaste um pouco de tempo de mais em sua primeira parte e sofra com o modelo hollywoodiano de criar soluções simples, mas é realmente um filme especial. Quem é fã de ficção científica pode se preparar para muitas emoções.

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    Comentários

    • Novo Danilo
      Não sou fã do Kubrick e de ninguém Pra mim ser fã de algo é retardice
    • dave120
      Kubrick fã é uma praga social.
    • Novo Danilo
      Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk NÃO
    • dos Santos
      Quem não sabe dançar diz que a sala está torta. Ficção é ficção e quando o filme tem varias abordagens e o espectador não entende nenhuma ...está tudo dito. Mas o que gosto mesmo é daquela: teorias tolas que jamais serão provadas... ou ficção científica impossível de virar realidade....
    • Itmar Bedoya
      Ela fala no filme, pro Cooper. Quando ele pergunta como seriam gerados.Ela diz que com equipamento seriam incubado 10 primeiros. E depois (talvez depois que esses 10 tivessem crescidos) começariam a usar as barrigas de aluguel. :)
    • Karoline
      eu também fico meio intrigada em algumas cenas, como essa por exemplo. Também o fato de enviarem um colonizador meio descapacitado (aquele do planeta congelado) tirou um pouco de minha atenção central no filme. Mas por si e com algumas falhas no empirismo, o filme já conseguiu me arrancar todos os colapsos mentais e lágrimas possíveis.
    • Genumano
      Correto.
    • lenon
      Se fosse imortal não existiria o conceito de vida inteira não acha ? O correto seria esperaria pela eternidade .
    • Ramon
      Cara por isso que se chama FICÇÃO, tu está literalmente se contradizendo! Dicionário: elaboração, criação imaginária, fantasiosa ou fantástica; fantasia.
    • Robinho de Morais
      eita cara, se tu foi achando que um dia esse filme iria virar realidade, ai você tá achando que estamos nos anos 5.000 pra frente e olha lá.... se o homem nem volta pra Lua imagina entrar num buraco de minhoca.
    • Equipe MU97
      Filme surreal, emocionando e complexo :)
    • Lucas Andrade
      Entendo o seu ponto de vista. Mas o que talvez compense o fato dessa quebra na expectativa é a direção do filme. Christopher Nolan é conhecido por ser um diretor com a capacidade de fazer ficção para todo mundo. Essa fórmula é genial, porque consegue fazer com que o filme atraia todos os públicos.
    • Genumano
      Digo que fiquei decepcionado justamente por causa da expectativa que criei. Se eu tivesse me preparado para ver apenas mais um filme de ficção, a decepção não seria tão grande. A trilogia De volta pra o futuro e Vingadores Ultimato são filmes para diversão, sem pretensão nenhuma com realidade ou com teorias. Esse Interestelar me decepcionou muito.
    • Lucas Andrade
      Mas essa questão da teoria proposta no longa não torna o filme ruim. Um exemplo disso é o clássico De Volta para o Futuro que aborda o tema da viagem no tempo de uma maneira bem simplória, muito diferente de Vingadores: Ultimato, que aborda de uma maneira muito mais realista (apesar do furo de roteiro no final do filme). Isso nunca fez de De Volta para o Futuro um filme ruim, MUITO pelo contrário, é um dos maiores clássicos da cultura pop e isso é algo inquestionável. O final do filme passa longe de ser decepcionante. É um final muito auto-explicativo, o que talvez incomode alguns fãs de ficção científica, mas dá muito sentido a todos os acontecimentos anteriores. Na minha modesta opinião, um dos melhores filmes de ficção científica da história.
    • Genumano
      Você pelo jeito nem sabe o que é uma teoria. Teoria deve ser provada para virar lei e o que está no filme nunca será provado. Pena que não somos imortais para você ficar esperando a vida inteira pela prova.
    • Emanuel Fernandes Correa
      Esses caras, ignorantes por sinal, acostumados a assistir Bruce Willis, Mel Gibson e tals, chegam aqui, perdem tempo se cadastrando pra falar mais merda q uma foça, pqp...
    • Emanuel Fernandes Correa
      Então bora dar uma lida nos conceitos e teorias de física, pq, porra, questionar algo assim do jeito q tu colocou aí, aí única coisa provada é q tu é um ignorante, com perdão da palavra, um idiota.
    • Tauana
      Achei o filme muito bom! Talvez a melhor ficção científica que eu ja tenha assistido, mas quando o senhorzinho manda 4 astronautas para o espaço, com a missão de povoar outro planeta, sem esperança que eles voltem e com não sei quantos mil embrioes... porque mandou só uma mulher? Não ficou claro para mim que eles se desenvolveriam sozinhos, sem precisar de um ser humano para carregar. Acho que seria prudente ter levado pelo menos mais uma mulher.
    • Genumano
      Sinceramente, fui assistir o filme depois de receber várias indicações de amigos e ler comentários positivos pela internet afora. Deveria ter me preparado, pois quando a oferta é grande, o produto engana. Foi o que aconteceu, fiquei decepcionadíssimo. O filme é cheio de teorias tolas que jamais serão provadas, enredo fraco e um final decepcionante, realmente foi o que chamo de ficção científica impossível de virar realidade.
    • Francisco Policarpo
      Eu amo ciência e astronomia, O filme foi espetacular!
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