Quem cresceu nos anos 80 e 90 ao som de Estica e Puxa e outros hits do Xou da Xuxa, atração infantil apresentada por Xuxa Meneghel nas manhãs da TV Globo, certamente se lembra de dois personagens queridos: o carismático assistente de palco Dengue, um divertido mosquito de seis braços, e seu parceiro Praga, o homem-tartaruga.
Ao lado das Paquitas, Paquitos e das Irmãs Metralha, eles garantiam a animação das crianças enquanto ajudavam a Rainha dos Baixinhos na organização do programa. Mas, décadas após o fim do show, muita gente ainda se pergunta: o que aconteceu com Dengue e Praga?
Praga e Dengue fizeram muito sucesso na TV, mas não ficaram ricos
Entre 1986 e 1992, Roberto Bettini (Dengue) e Armando Moraes (Praga) foram parte importante do sucesso do Xou da Xuxa. Sem falas fixas, os dois artistas improvisavam e criavam suas próprias formas de entreter o público entre brincadeiras e apresentações musicais.
“Nós éramos coadjuvantes, nunca fomos protagonistas. Como não tínhamos texto, a gente tinha que se virar, fazer alguma coisa. O Praga tinha o estilo dele, e eu corri atrás do meu para poder fazer alguma palhaçada", revelou Roberto em entrevista ao UOL em 2016. A criatividade da dupla, claro, deu muito certo e até hoje as pessoas lembram deles com carinho.
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No entanto, apesar do impacto de suas passagens pela televisão, inclusive na Argentina, com o El Show de Xuxa, a fama não veio acompanhada de grandes fortunas. Segundo Roberto, ele e o colega de trabalho não enriqueceram com o programa.
“Nunca consegui comprar um apartamento no Leblon ou Ipanema. O Praga morreu pobre. Algumas paquitas passaram dificuldades financeiras”, lamentou ele.
A morte de Praga e a revolta de Dengue
Infelizmente, a trajetória de Armando Moraes foi interrompida precocemente. Em 2003, o intérprete de Praga faleceu aos 38 anos, vítima de um infarto. Na época, a notícia de sua morte não foi amplamente divulgada, e os fãs só ficaram sabendo do corrido dez anos depois, quando Xuxa comentou a situação em um post no Facebook.
“Achei uma falta de respeito absurda. O cara merecia no mínimo uma homenagem”, desabafou Roberto, criticando o silêncio da mídia e da própria apresentadora.
"Era uma pessoa que gostava muito das festas, tinha vários amigos. Gostava de tomar a sua cerveja. Aproveitou muito bem o tempo que teve com a gente [...] Hoje, não sei de quem foi o erro [de ignorar a morte de Armando]: se foi a Xuxa, a Globo ou a imprensa", avaliou o eterno Dengue em entrevista ao Splash UOL em 2023.
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O artista também contou que nunca mais conversou com a comunicadora: "Cada um seguiu o seu caminho após o fim do Xou da Xuxa. Mas me lembro da nossa última conversa. Xuxa perguntou se eu gostaria de voltar à TV, mas respondi que estava bem. O palco virou a minha família. Ela sempre foi uma grande amiga e a grande estrela da televisão na época."
"A rotina [no Xou da Xuxa] era extremamente desgastante. Às terças e quartas chegava às 10h e saía no dia seguinte às 2h da manhã. De quinta a domingo viajávamos para shows pelo Brasil e América Latina. Muitas vezes, só voltávamos na tarde da segunda-feira seguinte", continuou.
Por onde anda Dengue?
Roberto Bettini, agora com 64 anos, vive longe dos holofotes e das telinhas. Recentemente, ele se mudou de Rondônia, onde morou por anos, para Cabo Frio, no litoral do Rio de Janeiro, com o objetivo de ficar mais perto da família. Nas redes sociais, ele costuma compartilhar registros com a esposa Monica Monsores, seus três filhos e o netinho de 3 anos.
“A decisão de se mudar veio com a necessidade de ficar mais perto da família. Rondônia era muito longe. Meus filhos mais velhos estão jogando futebol, tentando uma carreira no esporte. Aqui consigo ficar mais próximo deles”, contou ele ao EXTRA no ano passado.
Embora sua rotina seja mais tranquila, o intérprete de Dengue trabalha como produtor artístico, comandando um escritório que organiza shows para grandes eventos. Ele já trabalhou com as duplas Jorge & Mateus e Maiara & Maraisa, por exemplo.
De volta à televisão
Em 2017, Roberto participou de um momento especial no Domingo Show, da Record TV, onde ficou frente a frente com a família de Armando Moraes. Durante o emocionante reencontro, ele descreveu a mãe de Armando como "uma segunda mãe" e recordou a relação de irmandade que desenvolveu com o colega nos bastidores do Xou da Xuxa.
“Onde quer que ele [Armando] esteja, espero que se sinta vivo aqui conosco hoje”, disse Roberto, assistindo às imagens da época em que eles trabalhavam juntos.
Já em 2023, Bettini esteve no Domingão com Huck, no quadro Acredite em Quem Quiser. Lá, ele relembrou sua trajetória e contou que precisou se reinventar ao chegar no Rio de Janeiro.
“Minha história começou quando eu cheguei no Rio de Janeiro, em 1980. Passando fome, necessidade, eu criei um personagem para comer nas festinhas de aniversário. Eu não me preocupava com cachê, meu negócio era ‘encher o bucho’", confessou.
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Na época, ele ainda falou sobre Armando com muito carinho: “No início, era só uma relação profissional, depois passou a ser uma relação mais do que profissional: de irmão, amigo. Eu o protegia porque ele era muito frágil", afirmou.
Hoje, mais de 30 anos depois de encerrar seu ciclo no Xou da Xuxa, Roberto Bettini parece estar em paz com seu passado e focado no presente. “A fama acabou e está tudo certo. Meu programa hoje é a minha família. Ando de chinelo no condomínio onde moro e vou tocando minha vida. Ninguém sabe quem eu fui", expressou ao EXTRA.