De tempos em tempos, a indústria cinematográfica nos apresenta filmes que são motivos de discussões por um longo período. Alguns parecem que foram feitos exclusivamente com a intenção de chocar; já outros possuem elementos considerados polêmicos pela forma com que retratam determinado tema. Controversos ou não, tais produções dividem públicos, gerando debates que costumam ressoar nos mais diversos ambientes.
Foi pensando nisso que o AdoroCinema separou cinco longas-metragens para aqueles leitores que gostam de pular de cabeça quando o assunto é discórdia. Assim, pegue sua pipoca, bebida de preferência, apague a luz e confira abaixo:
Crash - Estranhos Prazeres

Definido como um filme para quem gosta de sexo e batidas de carro, Crash - Estranhos Prazeres é uma das muitas joias dos anos 1990 - período que ficou famoso por suas produções ousadas.
Nele, James Spader é um publicitário que se envolve em um acidente de carro com um casal - o que leva o marido à morte e deixa a mulher em estado grave. Ao se recuperar, o personagem de Spader inicia uma relação amorosa com a sobrevivente, conhecendo um grupo de pessoas com fetiche sexual por acidentes automobilísticos.
Crash saiu vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes de 1996 - por mais que tenha ganhado algumas vaias durante o evento. As diversas cenas sexuais espalhadas pelo enredo são quentes, chegando, o jornal canadense Vancouver Sun, a afirmar que o longa-metragem é “o filme mais provocante já saído do Canadá”.
- Rafael Felizardo
Secretária

De novo com James Spader e mais uma vez com temática sexual, Secretária conta a história de Lee Holloway (Maggie Gyllenhaal), uma jovem com histórico de problemas emocionais, recentemente saída de um hospital psiquiátrico.
Ao fazer um curso de secretária, Lee arruma emprego em um escritório de advocacia, trabalhando para o imponente Edward Grey. Inicialmente, o trabalho parece entediante, porém, aos poucos, a mulher vai embarcando em uma relação de submissão com seu chefe.
Desde a estreia do filme, Gyllenhaal já dizia esperar que ele fosse alvo de críticas por conta de seu enredo controverso. A atriz interpreta uma personagem que só consegue se encontrar quando está entregue ao patrão.
O que começa como um relacionamento de submissão durante o horário de trabalho, culmina em uma das cenas mais icônicas da trama, onde Lee acaba urinando em si mesma e desmaiando por falta de alimentação, pois não pretende levantar de uma cadeira a não ser que seu chefe retorne.
- Rafael Felizardo
Freeway - Sem Saída

Imagine assistir a uma versão sombria - e propositalmente ofensiva - de A Chapeuzinho Vermelho. Esta é a proposta de Freeway - Sem Saída.
Na história, Vanessa (Reese Witherspoon) precisa ir morar com a avó após a mãe ser presa por prostituição. No caminho, Vanessa encontra o seu próprio lobo mau: Bob Wolverton (Kiefer Sutherland), um psicopata procurado por assassinar diversas mulheres nas rodovias de Los Angeles. Mas calma, que as coisas não param por aí. Cada sequência do longa ultrapassa os níveis de absurdo e entregam uma experiência suja e deliciosamente caótica.
Se o seu estilo de produção for Assassinos por Natureza, Freeway é um prato cheio. Agora, caso tenha estômago fraco, passe bem longe. Na época, o filme gerou bastante controvérsia por retratar assuntos tão delicados de maneira escrachada e demasiadamente irônica.
Inclusive, este é o ponto mais polêmico da carreira brilhante de Witherspoon. Hoje, ela estrela narrativas mais inspiradoras e suaves, como Livre ou Água para Elefantes. Mas lá nos anos 1990, a estrela de Legalmente Loira estava atirando em todos que passassem por sua frente, esfaqueando policiais e tendo relações sexuais com o padrasto.
- Kalel Adolfo
Salò ou os 120 Dias de Sodoma

Uma lista de filmes polêmicos sem 120 Dias de Sodoma não estaria correta. A obra dirigida pelo italiano Pier Paolo Pasolini seria arriscada em qualquer década, mas nos anos 1960, acabou chocando o planeta. Como resultado, o longa foi banido em diversos países e deu fim à Trilogia da Morte originalmente idealizada pelo diretor.
Inclusive, Pasolini foi assassinado alguns meses após finalizar a produção. Claro, 120 Dias não é apenas um filme feito para provocar a repulsa do público. Na verdade, toda a narrativa é uma grande metáfora aos horrores do fascismo. Quem pratica as piores atrocidades na trama são as pessoas que ocupam os cargos de maior poder na sociedade.
Portanto, ao mostrar que a elite pode esconder as práticas mais obscuras, o diretor incomodou muita gente. Inclusive, o próprio título do longa - Salò - é uma referência direta a uma cidade italiana famosa pelo regime aterrorizante de Benito Mussolini.
É necessário avisar que a história - como todas as citadas na lista - pode não ser segura para todos os públicos. O filme empurra os limites da violência gráfica e escandaliza ao mostrar estupros, mutilações e até tortura escatológica. Mesmo assim, a brutalidade não é gratuita e apenas transmite as atrocidades cometidas por quem está no comando.
- Kalel Adolfo
A Serbian Film - Terror sem Limites

Na Sérvia, o ator pornô aposentado, Milos (Srdjan Spasojevic), tem uma vida tranquila com sua amada esposa, Marija (Jelena Gavrilovic), e seu pequeno filho, Peter. A família vem enfrentando graves problemas financeiros, o que leva Milos a voltar a atuar. Ele recebe uma proposta para participar de um filme pornô experimental, sendo apresentado ao diretor Vukmir. Milos então assina um contrato às cegas, sem saber que sua vida mudaria para sempre durante as novas filmagens.
Para quem não conhece, esta é a premissa de A Serbian Film, um longa dirigido pelo cineasta Srdjan Spasojevic. Por conta do controverso roteiro, a obra foi censurada em inúmeros países pelo mundo, devido à alegação de que estimulava a violência. Na Espanha, após A Serbian Film ser exibido em um festival, Spasojevic foi processado pelo Estado - e argumentou que tal movimento não passava de censura barata.
Já no Reino Unido, a obra só foi liberada para ser transmitida nos cinemas depois de mais de 40 cortes de cenas - mas foi liberada após cineastas, cinéfilos e críticos manifestarem que a proibição seria uma espécie de censura à arte. Tomadas explícitas de abuso sexual infantil, incesto e necrofilia estão presentes na trama.
- Rafael Felizardo