Daenerys Targaryen foi uma das personagens mais complexas e batalhadoras de "Game of Thrones". Ela lutou a vida inteira contra opressores, foi traída várias vezes, perdeu amigos e filhos (os dragões), venceu inimigos poderosos e, mesmo assim, nunca desistiu de seu ideal de libertar os povos da tirania. Apesar de terem mostrado um lado mais agressivo dela no final, não dá para ignorar toda a trajetória de boas intenções e de justiça que ela construiu por oito temporadas.
Quando finalmente chegou em Westeros, ela buscava criar um mundo melhor, acabar com a roda de opressão. Mesmo sendo uma estrangeira cercada de inimigos e desconfiança, ela arriscou tudo para derrotar o Rei da Noite, salvando o Norte e todos que viviam ali, inclusive Jon, Sansa e até Tyrion. Por mais que tivesse poder, nunca foi aceita de verdade no reino, só porque era de fora e mulher.
O roteiro fez Daenerys perder o controle de uma hora para outra, mas é importante perceber o contexto: ela estava praticamente sozinha, sem amigos, traída, e vendo seus conselheiros sendo eliminados um a um. No episódio final, Jon Snow, a pessoa em quem mais confiava, a trai friamente com um beijo e, sem debate, sem julgamento, sem discussão, a assassina covardemente.
E o pior: depois disso, ninguém faz quase nada. Tyrion lamenta um pouco, mas logo aceita virar Mão do novo Rei. Arya e Sansa, que antes tinham tanta opinião, simplesmente seguem em frente e até conseguem o que queriam (reino independente, viagem pra longe). Jon, que matou Daenerys, não recebe punição de verdade: é mandado para o Norte, onde é livre e volta a conviver com o povo que gosta. O dragão, único aliado leal de Dany, vai embora e ninguém sequer tenta entender seu luto ou proteger seu corpo.
No geral, todos agem como se o assassinato fosse a melhor escolha, “porque era necessário”. Ignoram toda a luta, dor e conquista da Daenerys. Agem como se a culpa fosse somente dela. Fica claro: ela foi traída, assassinada por quem dizia amá-la e ninguém ficou realmente abalado ou buscou justiça. Todo mundo "ficou de boa", ajeitou seus interesses pessoais e ignorou um dos maiores crimes da série sem qualquer consequência real.
Defender Daenerys é lembrar o quanto ela buscou justiça, o que ela sofreu, e como foi brutalmente traída por pessoas que não tiveram coragem nem de lamentar de verdade sua morte. Ela merecia um julgamento, merecia compreensão, e não simplesmente ser descartada enquanto os outros seguiam a vida como se nada tivesse acontecido.