Um Começo Modesto, mas Promissor para o DCU de James Gunn
Após anos de altos e baixos do DCEU sob a liderança de Zack Snyder, "Comando das Criaturas" surge como a primeira produção oficial do novo DCU, comandado por James Gunn e Peter Safran. Embora títulos como Peacemaker e o personagem do Besouro Azul já façam parte deste universo, é com esta série que Gunn busca estabelecer as bases de um novo capítulo, um verdadeiro divisor de águas para a DC nos cinemas e na TV. Mas será que o projeto cumpre o papel de reacender as esperanças ou corre o risco de repetir os erros do passado?
Desde o início, a escolha de Gunn em apostar em um grupo de personagens obscuros se mostra estratégica. Em vez de começar com ícones como Superman ou Batman – cuja recepção inicial poderia gerar divisões no público – ele opta por um caminho mais seguro e experimental. Ao trazer para os holofotes uma equipe de anti-heróis desconhecidos, Gunn não apenas explora sua liberdade criativa, como também evita o peso das expectativas relacionadas a grandes nomes. A série, que começou a ser desenvolvida logo após o fim da primeira temporada de Peacemaker, chega como uma vitrine para apresentar o tom e a abordagem do novo universo DC, enquanto dá pistas do que esperar no futuro, especialmente do aguardado Superman.
Narrativamente, "Comando das Criaturas" adota uma estrutura enxuta e eficiente, situando-se em poucos dias. Essa escolha evita a necessidade de grandes conexões com projetos futuros e permite que a trama se concentre em sua própria construção. Gunn recorre a uma combinação de flashbacks e eventos no presente, permitindo que cada episódio explore a história de um personagem específico. Embora algumas narrativas individuais sejam mais cativantes do que outras, o diretor consegue manter a coesão e entregar uma experiência divertida e dinâmica. Seu estilo característico – repleto de humor ácido, diálogos rápidos e referências à cultura pop – está presente em cada episódio, reafirmando sua assinatura como contador de histórias.
Um aspecto notável é como Gunn amarra pontas soltas deixadas por Peacemaker e O Esquadrão Suicida, projetos desenvolvidos antes de sua nomeação como CEO da DC Studios. Essa abordagem demonstra um aprendizado valioso das falhas estruturais do universo Marvel, onde Gunn também trabalhou. Aqui, ele dá prioridade à construção narrativa e cronológica, transmitindo segurança sobre os rumos do novo DCU. É evidente o carinho e a compreensão que ele tem do gênero de super-heróis, sabendo equilibrar inovação e familiaridade de forma eficaz.
Mesmo que "Comando das Criaturas" não busque reformular o gênero de heróis, muitas vezes criticado por sua saturação, Gunn utiliza a série como uma espécie de termômetro para o público. Se ele conseguiu cativar os fãs com personagens secundários, isso apenas aumenta a expectativa para suas abordagens futuras com figuras icônicas como Superman. A série, portanto, não é apenas um produto isolado, mas uma peça fundamental na estratégia de reconstrução da DC.
Em suma, "Comando das Criaturas" é um começo modesto, mas promissor para o DCU. James Gunn entrega um trabalho sólido, que diverte e prepara o terreno para projetos maiores, sem pressa ou exageros. Ainda que o futuro empolgue, é preciso cautela: nem todos os projetos terão a mesma supervisão direta de Gunn, mas até o momento, as escolhas feitas inspiram confiança. A DC parece finalmente estar encontrando seu caminho, e "Comando das Criaturas" pode ser o primeiro passo de uma jornada de redenção.