A série é brilhante, Viola Davis dá um show, coadjuvantes ótimos, direção e edição nota 10, mas... comete o mesmo erro de Ozark, outra série imperdível: pessoas comuns, sem um background familiar e social que as prepare para tantas e tão seguidas situações de stress mental, físico e emocional, não têm condições de suportar uma carga desse volume e intensidade. O cérebro simplesmente não aguenta. É muito diferente de um traficante, nascido e criado num meio social cercado de situações estressantes e violentas ou de um criminoso acostumado a enfrentar o perigo, provavelmente pelas mesmas razões. Isso é pura neurociência. O cérebro é projetado pra trabalhar em equilíbrio. Os extremos, seja de stress ou mesmo de êxtase, causam desequilíbrio e com isso o desgaste nas células cerebrais. Persistindo, os danos podem se tornar irreversíveis e com certeza o serão. Uma vez ou outra é suportável em ambos os casos e o processo natural e espontâneo de regeneração dá conta do recado. Mas a continuidade gera lesados mentalmente, como aconteceu a milhares com LSD e Ecstasy, e, por outro lado, surtos psicóticos que dão origem a todo tipo de manifestações violentas sem alvo certo, desde que possam expressar suas raivas, ódios e frustrações, como já nos acostumamos a ver em Columbine e outros exemplos de tiro-ao-alvo a esmo, não importa em quem.
No contexto do filme, cujo interesse dos produtores era manter a série bombando, esticou-se a corda demais com personagens e situações que nada acrescentaram, ao contrário, entediaram.