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    Sophia Abrahão lança carreira internacional em série comandada por mulheres: "Um olhar atento que faz diferença" (Entrevista Exclusiva)

    Com uma carreira marcada por Malhação e Rebelde, atriz está no elenco de Amores que Enganam, uma coprodução entre Brasil, México e EUA.

    O ano era 2007, e Sophia Abrahão fazia sua estreia como atriz na 15ª temporada de Malhação, falecido programa teen que revelou muitos talentos da TV brasileira. Até 2009, a também modelo e cantora interpretou Felipa Gentil, uma patricinha que começa como vilã e termina como melhor amiga da mocinha. Pouco depois, em 2011, Sophia conquistou o papel de Alice Albuquerque em Rebelde, versão brasileira da produção mexicana que se tornou um fenômeno mundial. Foi aí que ela estourou de vez, ganhando espaço em novelas como Amor à VidaAlto Astral e Salve-se Quem Puder.

    Agora, Sophia se prepara para lançar sua carreira internacional em Amores que Enganam, série coproduzida por Brasil, México e EUA. Trata-se de uma antologia de 10 episódios (o seu é o último), produzida pelo Lifetime Channel e com estreia prevista para o segundo semestre. Em seu capítulo, Sophia encarna Amanda, uma jovem romântica e sonhadora prestes a se casar. Mas o que tinha tudo para ser um conto de fadas toma rumos inesperados – e perigosos.

    O AdoroCinema conversou com a atriz sobre esse próximo grande passo em sua vida profissional, sobre sua personagem em Amores que Enganam e sobre as dificuldades de gravar em um set fora do Brasil. Confira a entrevista na íntegra:

    Amores que Enganam é seu primeiro projeto internacional. Como você avalia esse amadurecimento nos seus trabalhos?

    "Desde Salve-se Quem Puder – a última novela que fiz, em 2021 –, as personagens que estão me propondo têm tramas mais adultas. Eu acabei de rodar Letícia, um filme novo que deve estrear no próximo semestre. Eu interpretei a protagonista, que é mãe já – algo que eu nunca tinha feito antes. Então acho que estão me vendo mais mulher, mais madura. Sempre fui enquadrada em um lugar de menina, mocinha. Agora chegou o momento em que as pessoas estão enxergando outras possibilidades para mim. Torço para que seja o começo de uma nova era."

    A série é produzida e protagonizada por mulheres, tanto atrás quanto na frente das câmeras. Para você, qual o peso disso?

    "O tema é muito atual: relacionamentos abusivos, tóxicos, que enganam. Não poderia ser feito de outra forma que não por mulheres. Há uma sensibilidade, uma urgência de falar sobre esse assunto. Uma demanda que o público feminino tem por ouvir, compartilhar, experimentar através do audiovisual.

    "Ainda existe uma imagem pejorativa de que a mulher não tem tanto pulso firme, que a assertividade está ligada a um lado mais masculino, mais viril. Eu obviamente já sabia que não, mas essa série comprovou que um set comandado majoritariamente por mulheres funciona tanto ou melhor do que um set comandado por homens. Porque, além da proatividade, há um cuidado que eu nunca tinha tido antes, um olhar mais atento que faz diferença."

    Reprodução/Instagram

    Como foi sua preparação para atuar em um set internacional? Rolou algum encontro no Brasil antes de embarcar para o México?

    "Inicialmente, tive encontros online pela questão da distância. E sempre tenho minha preparadora comigo, então já estava desenvolvendo a personagem aqui no Brasil. Quando a gente chegou no México, houve todo um cuidado da equipe de explicar a trama. O texto em si era em português – inclusive vai ser dublada em espanhol –, mas eu fiquei apreensiva com o fato de as pessoas falarem basicamente espanhol e inglês no set. Estava preocupada se entenderia tudo. Porque uma coisa é se comunicar; outra é ouvir termos técnicos, ouvir sobre sentimentos, ouvir direções dramáticas.

    "Eu venho estudando espanhol há pouco tempo e estou pegando firme, acho muito importante. Esse trabalho expandiu ainda mais minha percepção do quanto o mercado latino é grande e o quanto a gente fica isolado por causa do idioma. No fim, a série me deu uma autoestima bacana. Eu voltei confiante não só pelo que a gente entregou, mas por saber que é possível estar em set internacional e conseguir receber orientações em outra língua."

    Você passou uma semana em Guadalajara, no México? Você já conhecia?

    "Foi a primeira vez que estive no México. Foram oito dias contando a viagem. Amei o país, me surpreendeu demais. Tem uma vibe meio brasileira, da galera muito despachada, zero dedos, muito receptiva. Além do acolhimento, me respeitaram muito como atriz – sobretudo se a gente considerar que eles têm uma linguagem cênica que é diferente da nossa, que não é minimalista. Eu mergulhei nessa abordagem, me adaptei à direção, ao que eles estão acostumados a fazer. E eles se adaptaram a minha vontade de, às vezes, fazer um pouco menor."

    Você postou no Instagram um carrossel com fotos dos bastidores. Em uma delas, você está com um saco na cabeça e dois caras te segurando. A gente pode esperar uma certa adrenalina no seu episódio?

    "Existem cenas de ações que eu nunca fiz antes. Essa do saco, por exemplo, era um sequestro em que dois homens fortes, como se fossem bandidos, me pegam. Eles estavam com receio de me machucar, mas, como a gente repete um milhão de vezes, eu falei: 'Gente, vamos lá, pode fazer. Pode me segurar, jogar dentro do carro, colocar o saco na cabeça.' Eu estava com medo de ficar um pouco claustrofóbica, mas acabou sendo divertido."

    O que a Sophia e a Amanda têm em comum? E o que elas têm de diferente?

    "A Amanda é uma personagem mais para mocinha. Ela é romântica, sensível, dedicada ao relacionamento dela. Nisso a gente é bastante parecida: eu consigo visualizar meu futuro ao lado do Sérgio [Malheiros] e gosto de fazer planos. A diferença é que, por eu ter começado a trabalhar desde muito cedo e ter saído de casa cedo, eu não tenho a ingenuidade da Amanda de acreditar em tudo, de não ver o lado negativo das coisas. Talvez eu tenha vivido mais do que a Amanda e consiga hoje identificar algumas situações que são mais ciladas do que as outras."

    Se você tivesse que convencer alguém a assistir a Amores que Enganam, o que você diria?

    "É uma trama diferente do que a gente está acostumado a ver – principalmente para as mulheres. O nosso objetivo é que gere algum tipo de reflexão quando se trata de relacionamentos abusivos. Eu percebi muitas coisas do meu universo feminino através de livros, do audiovisual, de podcasts. Então, se a série puder tocar uma mulher nesse ponto de repensar a vida e os próprios relacionamentos, já vai ser uma missão cumprida. E também tem a parte dramática, uma forma de entretenimento mais latina."

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