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    Apocalipse V: Crítica da 1ª temporada

    Nova série protagonizada por Ian Somerhalder já está disponível na Netflix.

    Nota: 2,0/5,0

    Muitas pessoas irão comparar Apocalipse V com The Vampire Diaries. Afinal, ambas compartilham não somente o tema vampírico, como também o mesmo protagonista em Ian Somerhalder. Porém, essa não seria uma decisão justa com a série novata, já que ela se encontra no lado oposto do espectro sobrenatural ocupado pela popular trama de Julie Plec.

    Aqui, trata-se de uma narrativa que investe mais em ficção científica, deixando de lado os estilos fantasiosos e românticos de TVD. Vampiros não são seres mágicos raros, mas sim milhares de vítimas de uma antiga infecção que ressurge após seculos, por conta do gelo derretido pelo aquecimento global. Nesse quesito, V Wars (no original) merece elogios pela ousadia, fugindo do caminho mais fácil para abordar tal assunto como uma epidemia global, mostrando que há mais de uma forma de falar sobre o tópico em questão. Porém, apesar de almejar voos altos, nunca consegue atingir o potencial que deseja.

    Apocalipse V começa quando o médico Luther Swann (Somerhalder) e seu melhor amigo, Michael Fayne (Adrian Holmes), são expostos a um tipo de material orgânico que carrega a doença capaz de transformar humanos em uma nova especie, os sanguíneos (ou seja, vampiros). Se Fayne fira fugitivo da polícia quando sua nova natureza o obriga a matar para sobreviver, Swann é convocado pelo governo para tentar encontrar uma cura de tal doença, já que ele não foi afetado pelo incidente. A partir da visão do cientista, o público é apresentando ao lado corporativo e político de tal situação — o que, sinceramente, é algo pouco visto em séries de vampiros, então desperta interesse.

    O problema surge quando V Wars tenta abraçar todos os lados desse caos ao mesmo tempo, sem desenvolver nenhum deles profundamente. Obviamente, quanto uma epidemia acontece, surgirão diversos tipos de reações, de diferentes grupos de pessoas, e isso é importante para abordar. Mas a série só planeja pincelar brevemente suas existências de problemas, ao invés de realmente questioná-las. O lado político, a fuga de Fayne, os jornalistas que vazam coisas do governo, a criação de uma facção de vampiros, os grupo de criminosos contra vampiros, uma vampira que recusa sua nova natureza e também vira vigilante, os poucos que querem a paz entre os dois grupos, o possível imune, o FBI... Tudo isso se junta numa confusa trama, ligada por conveniências de roteiro e coincidências forçadas, sem dar tempo para cada arco se desenvolver. Principalmente numa primeira temporada, onde ainda existe a função de construir o universo de forma introdutória.

    Com exceção de Swann, fica difícil para o espectador entender as motivações de cada personagem, sem entender seus respectivos passados. A vida de Fayne se resume a ser melhor amigo de Luther, até ser transformado, por exemplo. Já os relacionamentos de Danika (Kimberly-Sue Murray) com Michael e Mila (Laura Vandervoort) são brevemente mencionados em pequenas frases, apenas para dar contexto fraco sobre o que vem por aí. Inclusive, a jornada de Mila tem uma premissa muito interessante, mas é completamente esquecida na primeira metade da temporada, enquanto um personagem intrigante como Jimmy (Michael Greyeyes) serve apenas como figurante de luxo para cenas de ação.

    Apesar dos claros esforços, V Wars também sofre para entregar os efeitos especiais que a trama necessita — já que abraça a proposta de fugir dos vampiros sedutores para investir em monstros mais grotescos. Não é nada que prejudique muito a experiência, só que o visual fica ainda mais prejudicado pelo roteiro simplista demais, que não ajuda a enriquecer uma trama com tanto potencial. Em questão de elenco, Somerhalder e Holmes tentam trazer carisma para personagens rasos demais; Peter Outerbridge fica preso num vilão cartunesco; e Vandervoort rouba algumas cenas, assim como Sydney Meyer no papel de Ava, o braço direito de Fayne. 

    Ao longo dos episódios, Apocalipse V acaba desperdiçando seu potencial ao investir em clichês, por mais que tenha boas intenções, no meio de tanto sangue e cenas de ação desnecessárias. O gancho aberto para uma segunda temporada até aponta que esta foi apenas a introdução para um mundo maior e mais interessante, porém o que foi entregue, até agora, pode não ser suficiente para manter o público. Não adianta prometer, tem que entregar. 

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