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    The Walking Dead S10E04: O apocalipse zumbi e o bullying

    Confira nossa análise do 4º episódio da 10ª temporada.

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    Atenção: o texto a seguir contém spoilers do 4º episódio da 10ª temporada de The Walking Dead, "Silence the Whisperers".

    Por muitos anos, The Walking Dead se apoiou na premissa bons versus maus, com a presença de fortes vilões como o Governador, os Salvadores e, agora, os Sussurradores. Enquanto os próprios "mocinhos" questionam se estão do lado certo do conflito, a 10ª temporada da série tem conseguido provar cada vez mais que os protagonistas carregam cenas e arcos na ausência de seus antagonistas — gerando tretas tão complexas quanto a sociedade criada por eles.

    "Silence the Whisperers" ("Acabe com os Sussurradores", na tradução), quarto episódio da novo ano, não tem a aparição dos vilões — apesar de seu nome estar no título e a frase surgir grafitada em várias portas de Alexandria. Entretanto, a presença dos temidos inimigos é sentida em cada mistério e discórdia mostrados durante o capítulo. É o caso da árvore que estranhamente caiu em Hilltop, das ondas de zumbis que seguem chegando, e do bullying sofrido por Lydia (Cassady McClincy) na comunidade.

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    Um dos arcos mais interessantes da temporada e deste episódio em específico é o relacionamento da menina com Negan (Jeffrey Dean Morgan). O ex-líder dos Salvadores agora age como defensor dos fracos e dos oprimidos; claramente se identifica mais com os jovens, e adora dar conselhos, especialmente sobre sua experiência em ser rejeitado pela sociedade. A cena em que Lydia, seguindo o conselho de Negan (revertendo o ensinamento para sua realidade), leva um esquilo para o refeitório e o estripa na frente dos sobreviventes que tiraram sarro dela, foi muito bem orquestrada pelo diretor Michael Cudlitz. O cineasta, que anteriormente interpretou Abraham na série, conseguiu transmitir o asco dos personagens para o público sem usar o gráfico e gore na sequência.

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    Ainda que nos capítulos anteriores a série tenha apostado em aprofundar a perturbação de seus protagonistas, como o transtorno pós-traumático de Siddiq (Avi Nash) e o luto de Carol (Melissa McBride) — inclusive não deixando claro para o público o que é real e o que não é — TWD não é tão bem sucedido em desenvolver os personagens novos. As tentativas de embrenhar na história do crush amoroso de Luke ou na DR de Yumiko (Eleanor Matsuura) e Magda (Nadia Hilker) acabam parecendo rasos. Tomara que a produção consiga dar destaque aos outros sobreviventes sem forçar uma trama, repetindo erros de temporadas passadas.

    Um dos méritos da showrunner Angela Kang, que assumiu a produção desde a 9ª temporada, foi trazer de volta a essência dos primeiros anos de The Walking Dead, ao mesmo tempo inovando com elementos de roteiro, fotografia diferente e cenas de ação bem coreografadas (algo pelo qual a série pecou por muito tempo). O beijo entre Michonne (Danai Gurira) e Ezekiel (Khary Payton) foi um ensaio de beber diretamente da fonte dos quadrinhos de Robert Kirkman, mas trazendo uma originalidade, revertendo a situação. Um bom aceno à obra original.

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    Além de entregar um episódio bem desenvolvido, com algumas falhas, The Walking Dead deixou um grande gancho para os próximos capítulos. Negan fugiu, ou melhor, foi solto, e acompanharemos a partir de agora seu caminho independente dos povos de Alexandria, Hilltop e as demais comunidades. Esperemos para ver se Jeffrey Dean Morgan conseguirá dar conta sozinho de mais um arco na temporada.

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