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    Cobra Kai: Crítica da 2ª temporada

    Desafios que vão muito além do dojo.

    Crítica publicada em 24/04/2019 e atualizada em 1/09/2020

    NOTA: 3,0 / 5,0

    Cobra Kai, série inspirada no universo de Karatê Kid, entra em seu segundo ano ultrapassando as lutas bem coreografadas e do impacto que Daniel LaRusso (Ralph Macchio) traz em tela apenas por ser... Daniel LaRusso. De certa forma, o personagem principal dos filmes de sucesso dos anos 80 fica em segundo plano por boa parte dos 10 novos episódios, agindo ainda mais como um mentor para seus alunos com sua nova academia – no maior modo Sr. Miyagi (Pat Morita) e introspectivo de ser. Através de Daniel, parte da essência de Miyagi se mantém viva de forma natural e terna.

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    A 2ª temporada se inicia logo após o cliffhanger da 1ª, em que Johnny Lawrence (William Zabka) se dá de cara com John Kreese (Martin Kove), seu antigo professor visto no cinema e que fora dado como morto. Este gancho e esta inserção de um personagem marcante da trilogia original oferece mais desenvolvimento da nostalgia nesta temporada e acaba se misturando bem às intrigas adolescentes que permeiam boa parte da história, com os filhos e alunos de LaRusso e Lawrence.

    Cobra Kai entrega mais dramaticidade diante do novo desafio de Daniel ao abrir a Miyagi-Do e voltar a seguir os passos de seu grande mentor, inclusive por nos fazer relembrar de algumas cenas dos filmes (como, por exemplo, a atividade de pintar cercas). A sobreposição de cenas dos longas dentro da série também se faz marcante ao longo da temporada e são muito bem colocadas em momentos-chave de questionamento, ou simplesmente de memórias. A nostalgia continua pulsante e se mantém como uma das maiores qualidades da produção.

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    Kreese ganha bastante atenção não só por ser um importante personagem do passado como também por ter um background interessante: logo após Miyagi fazer com que o Cobra Kai dojo seja fechado, ele voltou a trabalhar como instrutor militar no Exército americano, e isso o fez se distanciar bastante de seu passado. Ao mesmo tempo, Kreese não aprova os jovens lutadores de karatê atuais, o que torna seu contato com Johnny perigoso. De início não é possível saber quais são suas intenções exatas, mas os episódios vão mostrando aos poucos que sua essência está longe de ser mais leve e altruísta.

    O relacionamento de Johnny e Daniel continua tão difícil quanto antes, mas a ligação que possuem através de seus filhos faz com que seja impossível eles se distanciarem. Agora, com cada um em seus respectivos dojos e tentando impedir o outro de alguma forma, a tensão se mantém constante e, cada encontro, por mais breve que seja, concentra todas as mágoas do passado – especialmente com o foco no fracasso de Johnny e o prestígio que Daniel continua a receber. Vale destacar que William Zabka entrega uma das atuações mais fortes de todo o elenco justamente por seu personagem possuir diversas camadas que o fazem variar de bons a maus momentos com bastante intensidade. Ele é o que mais se aproxima de ser o protagonista da série, mesmo com a presença de Ralph Macchio.

    Cada episódio de aproximadamente 30 minutos mescla o drama mais adulto com o teen, o que acaba prejudicando o ritmo em dados momentos pois há forças de diferentes pesos em cada lado da história. Os jovens, quando estão no dojo aprendendo a canalizar suas forças de variadas formas (o que remete muito aos anos 80, especialmente com a trilha sonora), parecem oferecer mais à narrativa do que quando lidam com si mesmos e os pequenos dramas cotidianos que envolvem triângulos amorosos e intrigas. No entanto, a season finale garante mais um cliffhanger impactante e que foge da fórmula mais leve contida na história.

    Cobra Kai amplia a discussão do porquê buscar tanto a rivalidade com base em um passado distante e até onde ela está permitida a chegar de forma que não se torne prejudicial à vida das pessoas. Por mais que soe um pouco ingênua em diversos momentos, a série mantém-se divertida e com boas doses de reflexão; sendo assim, um belo reflexo do que permanece clássico mesmo nos dias atuais.

    Cobra Kai - Crítica da 1ª temporada: Série canaliza nostalgia de Karatê Kid
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