Na semana passada, ao escrever sobre o quinto episódio da temporada, muita gente interpretou a crítica como uma vontade de que a série contasse com mais ação. "Quando irão entender que é uma série dramática e não de ação?", perguntaram nos comentários e nas redes sociais. Então, cabe um esclarecimento antes de falarmos do novo capítulo: em nenhum momento o texto anterior pedia mais ação (leia aqui e comprove!). O problema está longe de ser a ausência de ataques de zumbis ou coisa parecida. A questão é de desenvolvimento, seja da narrativa, seja dos personagens. Os episódios 4 e 5 da atual temporada em muito pouco contribuíram para a evolução da história. O que temos é muita enrolação. Há a clara posição dos envolvidos na produção em arrastar ao máximo a história até chegarmos a uma provável midseason finale em que algo realmente importante acontece, com direito a um cliffhanger de deixar o espectador aflito por meses. Já conhecemos o modus operandi de The Walking Dead, mas isso não significa que vamos deixar de pedir por melhores episódios.
O sexto episódio, “Swear” ("Juro", na tradução literal), se inicia com uma garotinha e uma jovem em uma praia. Elas matam zumbis levados pela correnteza, quando de repente encontram um corpo de uma mulher não-contaminada. Trata-se de Tara (Alanna Masterson), que deixou Alexandria ao lado de Heath (Corey Hawkins) em busca de suprimentos no final da temporada passada. A partir daí, o capítulo se divide entre flashbacks mostrando como Tara se separou do amigo e foi parar naquela situação, e a ação em tempo real. Salva pela jovem Cyndie, Tara acaba seguindo ela por uma floresta, onde descobre uma nova comunidade, toda formada por mulheres. Radicais, elas se protegem do mundo lá de fora com uma simples lei: matar toda e qualquer pessoa estranha que apareça por perto.
Descoberta pelo resto do grupo, Tara terá que explicar de onde veio e argumentar o motivo pelo qual deve continuar viva.
Deixada completamente de lado na temporada anterior - em razão da gravidez da atriz -, Tara merecia uma solução para sua personagem. Mas ao mesmo tempo, não há razão para gastar um episódio inteiro com ela. O S07E06 mantém a série no chão, sem conseguir decolar. É interessante ao apresentar uma nova comunidade (Oceanside), mas, no final das contas, pouco evolui na história. Ao final, serve apenas para reforçar o terror impregnado por Negan e seus Salvadores (ok, a gente já entendeu que eles são horríveis), e para mostrar o quão Rosita (Christian Serratos) está determinada em sua vingança. Tudo que já sabíamos.
Em um momento de completa inércia, tudo que a série menos precisava era de um episódio focado em Tara e Heath, personagens completamente figurantes e deixados de lado por tanto tempo que muita gente nem lembrava (ou sentia falta) deles.
O arco da temporada está cada vez mais claro. Após sofrerem nas mãos de Negan, vários grupos irão se unir para enfrentar o vilão e sua turma. Por isso, focar cada episódio em um grupo é algo que pode fazer sentido na teoria, mas a prática tem deixado a desejar.
É curioso (e lamentável) notar que a produção também tem falhado muito nas cenas de ação. Mais uma vez, a cena de ataque de zumbis é má coreografada. Não há a sensação de ameaça. É uma sequência tumultuada, mas nada empolgante.
Tara, que nunca foi uma grande personagem, agora parece ainda mais perdida. Desajeitada nas cenas de ação, ela ganha algumas linhas cômicas totalmente desconexas da situação em que está vivendo. No geral, mais um episódio em que muito pouco acontece.