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    Luke Cage: Conversamos com o elenco da nova série da Marvel e da Netflix (Entrevista)

    Conversamos com Mike Colter, Cheo Hodari Coker, Jeph Loeb e companhia. Luke Cage estreia no dia 30 de setembro.

    Durante a San Diego Comic-Con, o AdoroCinema conversou com boa parte da equipe por trás de Luke Cage, mais novo fruto da parceria entre Marvel e Netflix. Além do protagonista Mike Colter, falamos com os atores Mahershala Ali, Simone Missick e Alfre Woodard, com o showrunner Cheo Hodari Coker e com o produtor Jeph Loeb, chefe do departamente de TV da Marvel. 

    Antes de ganhar a própria série, Colter interpretou Luke Cage em Jessica Jones. Agora, ele assume a responsabilidade de assimir figura central na trama. "Luke é um homem que é colocado em um lugar no qual não deseja estar. Ele é um homem que ganhou habilidades especiais, mas que não gosta delas, ele é relutante. É um cara humilde, ele não gosta dos holofotes, ele não quer fazer parte de toda essa loucura. Mas, no fim das contas, ele terá que lidar com todas essas coisas de uma forma ou de outra. É um personagem perfeito para mim porque eu também não gosto dos holofotes. Caiu como uma luva", afirmou o ator.

    RELAÇÃO COM A HQ

    Criador e produtor da série, Hodari Coker falou um pouco sobre como foi adaptar os quadrinhos para a Netflix. "O Demolidor de Frank Miller é incomparável, as histórias dele são fantásticas, então a única coisa que a série poderia fazer era tentar se igualar àquele nível de qualidade. Em relação à Jessica Jones, a série também conseguiu se equiparar aos temas e à qualidade de Alias, escrito por Brian Michael Bendis. Com Luke Cage foi diferente. Eu cresci lendo as histórias de Luke Cage, na década de 70, e elas não eram muito pesadas ou profundas. Em todas as edições, Luke batalhava contra Cottonmouth ou contra os mesmos vilões de sempre. De início, eu achei que isso seria uma desvantagem, mas acabou sendo uma grande vantagem. Esses personagens foram explorados há trinta ou quarenta anos e essa distância nos deu a oportunidade de interpretá-los de uma forma diferente. Uma forma nova que ainda respeita o espírito original dos quadrinhos da década de 70, mas um modo que também permite que a série ocupe seu espaço próprio. O que eu acho que vai acontecer, então, é que, como as duas versões são diferentes, as pessoas lerão os quadrinhos novamente e verão a nossa série e terão as duas experiências ao mesmo tempo", destacou.

    MESMO PERSONAGEM, EQUIPES DIFERENTES

    Mike Colter falou um pouco sobre como foi criar um personagem para uma série e voltar ao papel em outra produção, com uma equipe completamente diferente. "É algo interessante, mas, para mim, é como ser dirigido por um diretor diferente a cada episódio. É claro que o ator precisa trazer uma interpretação diferente dependendo da situação. Em Luke Cage, o showrunner é um homem negro; em Jessica Jones, é uma mulher branca. A série Jessica Jones foi contada pelo ponto de vista da personagem principal, então Luke Cage também foi retratado através desse ponto de vista. O Luke que vemos em Jessica Jones é o Luke que Jessica vê. Em Luke Cage, veremos Luke ser retratado por um showrunner que é um homem negro. O personagem é o mesmo, mas alguns aspectos são diferentes. Ele está no Harlem agora; todos agimos de maneira diferente em lugares diferentes. Nós somos diferentes em lugares diferentes e com pessoas diferentes. As personalidades das pessoas têm muitos lados", apontou.

    Já Hodari Coker demonstrou certa gratidão com relação ao time da série anterior. "Toda vez que eu encontro com Melissa Rosenberg [showrunner e criadora de Jessica Jones], eu a agradeço por ter escalado Mike como Luke Cage. Mike é ótimo porque parece fisicamente com o personagem, mas também porque ele tem essa sensibilidade de entender Luke Cage. É importante ter um ator que compreende os diferentes lados da personalidade de Luke Cage. Ainda que Mike interprete Luke de maneiras diferentes, ainda é o mesmo personagem. O nosso Luke Cage é uma continuação, uma extensão do personagem apresentado em Jessica Jones", disse.

    REPRESENTATIVIDADE

    A questão da representatividade é um dos pontos mais importantes de Luke Cage. O elenco é formado em sua maioria por atores negros. Veterana vencedora de quatro Emmys, a atriz Alfre Woodard falou sobre a questão: "É interessante. Eu sou negra o tempo inteiro, então eu não penso nisso toda hora, estou ocupada em ser quem eu sou. Ocasionalmente, algumas pessoas vão te lembrar disso. Mas, certo dia, no set, eu me vi ao lado de Simone Wissick e de outras três atrizes negras ao mesmo tempo e percebi que eu não fazia parte de um ambiente como esse há muitos anos. Acho que a última vez que estive nesse cenário foi em uma peça ou algo assim. Isso me surpreendeu muito. Não é algo que eu pense sobre o tempo inteiro, mas quando acontece, isso dá uma sensação de que você está em casa, é algo muito orgânico."

    "As pessoas ficarão impressionadas com tudo o que acontece na série. Não importa quem é ou o que é, mas eu tenho certeza que alguém se sentirá representado pelos nossos personagens. Em algum lugar, alguma criança negra ou latina ou asiática se sentirá representada por algum dos personagens em nossa série. A antropologia diz que você não existe se não houver uma imagem parecida com você em algum lugar e, então, há esse mundo incrível que criamos, que abrirá outros mundos para os jovens que assistirem à série. De maneira análoga, nós estamos em uma dieta irregular se não nos abrimos para todas as possibilidades que existem mundo afora. As pessoas sentirão que a série representa o mundo que há em volta delas porque existem muitos personagens negros em nossa série assim como existem muitos personagens brancos, muito personagens latinos. Todo mundo se sentirá representado, todo mundo se sentirá respeitado."

    VILÕES MARCANTES

    Cottonmouth é uma das principais figuras antagonistas da produção. Conhecido pelo trabalho em House of Cards, Mahershala Ali é o responsável por interpretar o vilão. Ele falou um pouco sobre seu personagem: "Eu interpreto Cornell Stokes, o Cottonmouth, um homem ambicioso, um personagem que traz muitas texturas à trama. Ele é alguém que precisou aceitar e se acostumar com a posição que ocupa, que precisou se acostumar a viver em um mundo formado entre a legalidade e a ilegalidade. A série fala muito sobre família e esse é um grande tema no decorrer da temporada. Enfim, Cornell é ambicioso, é um homem que está tentando encontrar seu lugar no mundo. Para mim, trabalhar nessa série com esse grupo de pessoas é uma oportunidade fantástica. Eu estou muito animado para ver o resultado final."

    A personagem de Alfre Woodard também caminha pelo lado mais obscuro da trama. "Eu interpreto Mariah Dillard e ela é uma vereadora nova­iorquina. Ela nasceu no Harlem, cresceu no Harlem, viveu a maior parte da vida no Harlem, mas acabou se mudando. Ela ficou algum tempo fora, mas decidiu voltar para a cidade de Nova York e viver no Harlem. Ela ama a cidade, o bairro. A missão dela é tentar manter a cultura, a história e a arte do Harlem intactas e belas como uma joia. No século 21, o bairro do Harlem começou a se modificar, então ela está decidida a proteger o bairro, os seus moradores e o legado do local. Ela é prima de Cornell Stokes. Eles cresceram juntos, ela é um pouco mais velha que ele. A riqueza da família, como grande parte das riquezas mais antigas dos Estados Unidos, foi formada naquela área cinzenta entre o que é legal e o que não é. Algumas pessoas acreditam que a família dos dois é o establishment do Harlem, é a família no poder e alguns poderiam dizer que essa família chegou ao poder através de métodos duvidosos", apontou a atriz.

    POSSÍVEL SPIN-OFF

    Se Luke Cage é uma série derivada de Jessica Jones, muitos já especulam que outra produção pode nascer desta novo. E uma das apostas diz respeito à Misty Knight, famosa personagem da Marvel que, nos quadrinhos, tem envolvimento com as sagas de X-Men e Punho de Ferro.

    A personagem é vivida por Simone Missick nas telas. "Jeph Loeb me disse para não comprar nenhuma revista da Misty Knight porque, com o anúncio da série, um monte de fotógrafos e jornalistas provavelmente iriam me procurar nas lojas de quadrinhos. Então, eu não fui comprar nenhuma revista, mas pesquisei um pouco pela internet. Descobrir que a minha personagem é esta mulher forte e poderosa, que é uma das primeiras super­heroínas negras da história, foi algo incrível. Ao mesmo tempo, como atriz, eu não quis pesquisar muito porque é importante abordar o personagem sem ideias preconcebidas. É claro que você precisa ser fiel ao material original, entregar algumas coisas que os fãs esperam, mas, como uma atriz, eu não poderia simplesmente colocar a personagem dos anos 70 na minha personagem, que vive em 2016. É preciso contar uma história verdadeira", falou a atriz.

    Simone ainda completou: "É incrível. Ela até pode ser subestimada, mas ela mesma se acha capaz de fazer todas as coisas que faz. Misty não ouve as críticas, não presta atenção nessas coisas. Eu acho que ela gosta de supreender as pessoas, provar que as pessoas estavam erradas sobre ela, de várias formas diferentes, seja jogando basquete ou dentro da delegacia. Ela gosta de ser confiante, forte e poderosa. Ela é muito determinada, ela sempre quer descobrir a verdade e proteger a comunidade. Misty é muito firme em suas decisões. Às vezes, até demais. Às vezes ela se perde por ser focada demais."

    TRILHA SONORA

    A trilha musical é um dos grandes destaques da primeira temporada da série. E o showrunner teve participação direta nas escolhas das músicas. "Eu tive sorte de abrir a minha página no Facebook e poder contatar várias pessoas que eu conheci nos meus dias como jornalista de hip­hop. Conheci muitos artistas e consegui trazer alguns deles para a série. Foi incrível poder construir este mundo e ver tudo se encaixar. Conseguimos encaixar a trilha sonora de maneira perfeita", disse Cheo Hodari Coker.

    CAMINHO PARA OS DEFENSORES

    Figura máxima do departamento de TV da Marvel, Jeph Loeb explicou um pouco do cenário da parceria entre a companhia e a Netflix. "Tudo o que fazemos tem um propósito. Nós estamos contando uma história enorme que, eventualmente, vai culminar em Os Defensores. Por outro lado, cada uma de nossas séries existe em seu mundo próprio. Então, nós acreditamos que as pessoas que verão Luke Cage já viram Jessica Jones, mas nós não podemos apostar nisso. Nós precisamos ser capazes de contar uma história que habita um mundo próprio. O Luke Cage que vocês viram em Jessica Jones é o Luke Cage que ela vê. Aqui, vocês verão um personagem completamente diferente, vocês verão Luke Cage pelo ponto de vista dele. É por isso que a série se passa no Harlem, é por isso que o elenco é tão diversificado, é por isso que a série fala de temas diferentes que Jessica Jones falou sobre. Quando nós chegarmos aos Defensores, será uma nova história, mas não se enganem: há um motor que nos levará até lá. Se você vem nos acompanhando até agora e viu as quatro primeiras séries que produzimos, contando com Luke Cage, o próximo passo será Punho de Ferro e, depois disso, veremos todos juntos. Então, a próxima pergunta que temos que nos fazer é o que acontece quando eles se encontrarem e essa que é a parte mais interessante para nós. Nossas dúvidas não são sobre quem será o grande vilão ou sobre como os poderes deles funcionarão em conjunto ou como serão as sequências de ação. Não, estes quatro personagens são completamente diferentes entre si, têm histórias diferentes e o interessante será colocar todos juntos e ver o que acontece. Nós vamos chegar lá", afirmou.

    E o produtor ainda falou mais: "Quando eu me reuni com a Netflix, eu disse a eles que nós faríamos uma temporada da série de cada personagem até culminar em Os Defensores. Então, eles fizeram algo sem precedentes na história da televisão: eles compraram sessenta horas de cinco séries diferentes de uma só vez. Nós saímos de lá dizendo: 'ok, agora nós temos que fazer isso'. O que nos surpreendeu ainda mais é que com o sucesso de Demolidor, nós recebemos um telefonema encomendando mais uma temporada da série. Nós dissemos que seria ótimo e que entregaríamos em 2017. Eles disseram: 'não, nós queremos a segunda temporada agora'. O plano inicial era uma temporada para cada personagem, mas eles nos disseram que teríamos que contar mais histórias e foi o que fizemos. Acho que teremos tempo para contar várias histórias de cada um, mas eu acho que exatamente como os filmes da Marvel, você consegue acompanhar a história de um personagem, como o Capitão América por exemplo, sem ter que ver os filmes dos Vingadores. A diferença é que em filmes como esses, você só tem duas horas e meia para contar a história de catorze personagens, então é óbvio que alguns deles não terão suas histórias desenvolvidas. O que a Netflix fez foi nos dar a chance de contar a história individual de cada um dos nossos personagens, cada série com seu elenco próprio, até o momento em que eles se unem. Eu espero que vocês nos acompanhem, mas caso contrário, acho que vocês gostar da série dos Defensores."

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