Após conquistar a crítica e o público com sucessos que envolvem mistério e crime como Entre Facas e Segredos (Knives Out), o cineasta Rian Johnson encontrou um novo espaço para explorar suas habilidades narrativas na série Poker Face. Criada por ele (e dirigida, em alguns episódios) a série protagonizada por Natasha Lyonne mistura mistério e humor explorando o timing de atuação da artista, segundo o próprio Johnson, "o motivo pelo qual ele faz a série".
Em entrevista exclusiva a Paulo Ernesto do AdoroCinema, o diretor compartilhou suas inspirações, refletiu sobre a química criativa com Lyonne e revelou detalhes inéditos sobre a segunda temporada.
A improvável combinação perfeita
Segundo Johnson, a parceria com Natasha Lyonne é uma das grandes forças da série. Ele compara o trabalho dos dois a um diagrama de Venn: enquanto ele segue uma abordagem mais metódica (meio Hitchcock), ela representa o caos criativo (um pouco Salvador Dalí). Essa fusão de estilos distintos resulta numa sintonia surpreendentemente harmoniosa.
O diretor chega a brincar que, sem Lyonne por perto, até resolver palavras cruzadas parece difícil: “Sinto falta da metade do cérebro dela”.
Inspiração além dos clichês do crime
Apaixonado por mistérios de assassinato, Johnson admite que se considera “muito ingênuo” para detectar mentiras e resolvê-las e por isso prefere inventá-las. Embora leia bastante ficção policial, ele afirma que suas maiores inspirações vêm de poesias, livros de história, ou qualquer conteúdo que desperte curiosidade. “É importante se abrir o máximo possível e não ficar apenas no gênero com o qual se está trabalhando”, explica.
Um episódio no Brasil?
Durante a conversa, o diretor foi questionado sobre a possibilidade de ambientar um episódio da série ou algum outro projeto de mistério em solo brasileiro.
“Eu adoraria filmar no Brasil”. E logo pediu recomendações de talentos que fossem bons de comédia e drama, além de amados pelo público brasileiro para se colaborar. Ao ouvir a sugestão do nome de Fernanda Torres, indicada ao Oscar por sua atuação em Ainda Estou Aqui, o cineasta disse: “Ela foi absolutamente fenomenal naquele filme. Já anotei. E se também manda bem na comédia, é um ótimo nome”.
As engrenagens por trás do mistério
Com um time diverso de roteiristas e diretores ao longo da temporada, Johnson faz questão de garantir que a essência de Poker Face seja preservada. A estrutura clássica da série — onde o crime é mostrado logo no início e depois há uma conexão com a narrativa de Charlie — continua sendo a espinha dorsal das histórias.
“Mesmo quando nos desviamos dessa estrutura, isso precisa acontecer de forma coerente, mantendo o prazer que o público sente ao ver o mistério sendo desvendado”, comentou. Para ele, o segredo do sucesso está justamente nesse equilíbrio entre o conforto da fórmula e a surpresa de cada episódio.
Cynthia Erivo e novidades da segunda temporada

A segunda temporada traz ainda mais participações especiais. Uma das mais marcantes, segundo o criador, foi Cynthia Erivo, que aparece em múltiplos papéis no episódio de estreia que ele dirige. “Ela conseguiu sustentar todos aqueles personagens em um cronograma apertadíssimo de dez dias. Foi essencial para que o episódio acontecesse”, revela Johnson, elogiando a versatilidade da atriz.
Para os fãs da primeira temporada, Johnson garante: Poker Face continua entregando o que o público mais ama, mas com algumas surpresas. Charlie Cale será colocada em situações inéditas, incluindo seu primeiro romance na série.
“Como Charlie não é uma policial e não faz isso profissionalmente, ela sempre precisa de um motivo pessoal para se envolver. Então, cada episódio parte de uma relação humana. Buscamos novas maneiras de conectar isso em todas as histórias.”
Entusiasmado, Rian Johnson convidou o público elogiando a série: “Temos ótimos convidados, misterios divertidos e, principalmente, Natasha Lyonne como Charlie Cale. Eu faço essa série só pra poder vê-la atuando. Espero que assistam à segunda temporada e que curtam.”