Criador de X-Men ‘97 interrompe silêncio após demissão para abordar episódio bombástico: “Muitas histórias chegam ao fim cedo demais”

Animação adapta um dos arcos mais tristes e violentos dos quadrinhos da Marvel.

Apesar de estar apenas na sua primeira temporada, X-Men '97 já é considerada por muitos uma das melhores produções da Marvel em anos. O quinto episódio da série mostrou um dos momentos mais impactantes da história dos mutantes no audiovisual.

Em "Lembre-se Disso", Gambit, Magneto e Vampira se direcionam para Genosha, que acaba de se unir à ONU. Para celebrar esse momento histórico na trajetória dos Filhos do Átomo, o trio chega à ilha para homenagens, reuniões e festividades. Enquanto todos encaram o sonho do Professor X ganhar vida neste local tomado por mutantes vivendo da melhor maneira, dramas internos se desenrolam. Enquanto isso, uma entrevista para a TV é feita no Instituto Xavier.

Reunindo inúmeros paralelos com a realidade de diversas minorias, o episódio demonstra a essência dos X-Men, a sua luta por igualdade em um mundo que quer a aniquilação de tudo e todos que se mostram diferentes. Demitido do estúdio dias antes da estreia da série, Beau DeMayo, criador do projeto, interrompeu seu afastamento das redes sociais para tecer alguns detalhes sobre este icônico capítulo de X-Men '97.

“O Episódio 5 foi a peça central quando propus esta série para a Marvel em novembro de 2020. A ideia era fazer com que os X-Men espelhassem a jornada que cada um de nós, que cresceu com a série original, vivenciou desde que éramos crianças nos anos 90", escreveu ele. "O mundo era um lugar aparentemente mais seguro para nós, onde um personagem como a Tempestade comentava como o racismo baseado na cor da pele era 'estranho' em A Volta do Fanático. Na maior parte do tempo, para as nossas mentes jovens, o mundo era um lugar simples de certo e errado, onde questões sobre identidade e justiça social tinham respostas relativamente claras e diretas."

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Beau então, explica que o atentado de 11 de setembro mudou o mundo de maneira irreparável e como "as coisas não eram mais tão seguras", algo que gerou "traumas coletivos como a COVID ou várias crises econômicas".

O produtor explica também como as mudanças surgiram na vida no início dos anos 2000 após a queda das Torres Gêmeas. "Para mim, pessoalmente, o 11 de setembro também foi quando saí do armário para minha família e percebi que nem todos me aceitariam", relembrou. "A realidade que Jubileu descobriu no episódio 4 tornou-se muito real e assustadora."

Ao citar acontecimentos do 5º episódio, no qual uma chacina é responsável pela morte de diversos mutantes, DeMayo traz eventos trágicos da realidade: "Se eventos como 11 de setembro, Tulsa, Charlottesville ou a boate Pulse nos ensinaram alguma coisa, é que muitas histórias chegam ao fim cedo demais. Eu dançava no Pulse. Era a minha boate de sempre. Tenho tantas ótimas lembranças de seu incrível salão branco. Era, como Genosha, um espaço seguro para mim e para todos como eu dançamos, rimos e sermos livres. Pensei muito sobre isso ao elaborar esta temporada e este episódio, em como a comunidade gay em Orlando se recuperou desse evento."

Responsável pelo roteiro deste capítulo, Beau conclui seu desabafo falando sobre como a essência dos X-Men é sempre uma mensagem de resistência - ainda mais quando eventos inesperados desafiam a jornada destes heróis:

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"Como muitos de nós, que crescemos assistindo ao desenho original, os X-Men foram duramente atingidos pela realidade de um mundo adulto e inseguro. A vida aconteceu com eles. E eles, tal como nós, terão de decidir a que partes de si próprios vão se agarrar e a que partes vão abandonar, para fazer aquilo que eles têm dito que a humanidade deveria fazer: enfrentar um futuro incerto que nunca pensaram que ia acontecer. Como Trask disse ao Ciclope no episódio de estreia: “você não tem ideia de como é ser deixado para trás pelo futuro”. Agora os X-Men têm e, como cada um de nós, eles terão que avaliar se este é um momento para justiça social — ou como Magneto pregou em seu julgamento, se é um momento para cura social.”