Quatorze anos após o último episódio de Família Soprano ir ao ar, David Chase, criador da série, nos traz The Many Saints of Newark, filme que chega aos cinemas e ao HBO Max, em 1 de outubro. O longa volta ao final dos anos 60, para mostrar como o adolescente Tony Soprano (James Gandolfini) se tornou o chefe da máfia que vimos durante seis temporadas.
Com uma narrativa cinematográfica incomum na televisão da época, Família Soprano foi um marco pois apresentou personagens que desmistificavam a glamurosa imagem de mafiosos, construída por anos em Hollywood. O clássico da HBO também foi precursor em colocar um anti herói como protagonista, algo que posteriormente virou uma tendência e se consolidou com personagens como Dexter (Michael C. Hall) e Walter White (Bryan Cranston), de Breaking Bad.
Seja para os fãs da série, ou para aqueles que jamais viram um episódio, preparamos um resumo sobre a história e os principais personagens, bem como impressões e expectativas para o filme.
Além de acompanhar a transformação de Tony Soprano (Michael Gandolfini), o filme também promete explorar o turbulento cenário da Nova Jérsei da época. Enquanto os conflitos raciais entre a comunidade ítalo-americana e afro-descente de Newark se intensificam, a família DiMeo, que comanda a máfia na região, se vê ameaçada por outras gangues e precisa lutar por sua hegemonia.
Na linha de frente dessa disputa por poder, encontram- se figuras determinantes na formação de Tony como pessoa e mafioso, como, por exemplo, seu pai Johnny Soprano (Jon Bernthal) e seu tios Junior Soprano (Corey Stoll) e Dickie Moltisanti (Alessandro Nivola), cujas ações serão o principal pivô de toda a trama.
Dickie Moltisanti (Alessandro Nivola)
O trailer de Many Saints of Newark confirmou que Dickie será o protagonista do filme. Isso, no entanto, o título já nos dava pistas: os “muitos santos” de Newark é uma referência ao sobrenome de Dickie, Moltisanti, que tem essa tradução do italiano. Ele será uma peça chave nos conflitos em Newark, enquanto luta contra uma iminente morte.
Uma das maiores expectativas a respeito do personagem é sua relação com Tony, que reverbera ao longo da série toda. Richard “Dickie” Moltisanti era uma das principais figuras paternas de Tony. Enquanto Johnny, seu pai, tinha predileção pela irmã Janice, e seu tio Junior minava sua confiança, Dickie via um grande potencial em Tony para perpetuar o legado dos Sopranos na máfia.
No trailer do filme, vemos Tony que ainda pensava em ir para a faculdade e ter uma vida normal, se deparando com seu primeiro trabalho ilegal, oferecido por Dickie. Na série, essa relação de mentor e pupilo é reproduzida entre Tony e Christopher (Michael Imperioli), o filho de Dickie. O interessante é que até mesmo a parte problemática da relação se repete.
Da mesma forma, que Tony cogitava uma vida normal e é induzido pelo tio ao caminho da máfia, ele, anos depois, zela por Christopher, enquanto o leva para o caminho que resulta em sua eventual ruína. No último trailer do filme, vemos um encontro de Tony com Christopher bebê, seguido de uma profética fala a respeito de como certos bebês nascem cientes sobre o mundo que os aguarda.
Em notícias recentes, o site Screen Rant, reportou que, em trechos do filme exibidos na Cinemacon deste ano (evento dedicado a donos de cinema do mundo todo), espectadores notaram a voz de Christopher como narrador.
Seja apenas em um trecho, ou durante o filme todo, faria muito sentido que uma história protagonizada por Dickie, fosse narrada por Christopher, que sempre o teve como um herói.
Tony Soprano (Michael Gandolfini)
Interpretado por Michael Gandolfini, filho de James Gandolfini, que dá vida a Tony na série, o personagem no fim de sua adolescência, perderá a inocência que ainda lhe resta. Influenciado em grande parte por seu idolatrado tio Dickie Moltisanti, Tony dará seus primeiros passos na vida do crime, se tornando mais próximo de alguns personagens que são seus braços direitos na série.
Como um dos fios condutores de Família Soprano é o fato de Tony se tratar com uma psiquiatra, muito da construção do personagem se baseia em traumas que ele adquiriu quando mais jovem. Um dos pontos do filme, pelos quais os fãs mais anseiam é acompanhar parte da vivência que aflorou naquele adolescente, o mafioso com traços de sociopatia, e assolado por questões como depressão e crises de pânico.
Johnny Soprano (Jon Bernthal)
Ao longo da série toda, se fala mais do que se mostra de Johnny Soprano. Sabemos que algumas das maiores cicatrizes que Tony carrega vêm de lembranças de seu pai. Depois que Johnny morreu, Livia, mãe de Tony, passou a santificar sua imagem, algo que sempre irritou profundamente o filho. The Many Saints of Newark nos oferece um pouco dessa dinâmica familiar.
Tanto nas ruas, como ícone da máfia, quanto em casa, como pai e marido, será interessante ver mais dessa figura da qual Tony acaba se tornando um reflexo anos depois.
Livia Soprano (Vera Farmiga)
A problemática matriarca dos Sopranos também é uma das grandes responsáveis pela psique quebrada de Tony. Na série, apesar de não ser oficialmente diagnosticada, é nítido que ela sofre de algum transtorno psicológico. Um constante desgosto e amargor acompanham a personagem, representados em comportamentos como chantagens emocionais, síndrome de perseguição, entre outros. Uma pessoa desagradável com todos ao seu redor, principalmente Tony, com o qual ela tem uma relação extremamente conflituosa.
No primeiro trailer, temos um pequeno retrato disso, ao vermos a diretora da escola falando sobre a inteligência de Tony, enquanto Livia o desmerece.
Junior Soprano (Corey Stoll)
Em boa parte da série, acompanhamos Junior Soprano vivendo mais à sombra do que já foi um dia, do que como chefe da máfia. Ao mesmo tempo em que era envolvido com diversos crimes como homicídios, o personagem tinha tons de uma inocência boba, que fazia o espectador não vê-lo tanto como um homem que tinha a posição e a história que ele tinha na máfia. Levando isso em conta, há uma animação para ver Junior retratado em seus “anos de ouro”.
Os braços direitos de Tony
Alguns dos integrantes da alta cúpula de Tony na série, também serão retratados no filme. Veremos como essa relação começou com o cômico Paulie “Walnuts” Gualtieri (Billy Magnussen), o caricato Silvio Dante (John Magaro) e Salvatore “Big Pussy” Bonpiensero (Samson Moeakiola).
Além de cativantes e muito bem desenvolvidos, os três personagens têm um papel importantíssimo na trama e construção de personagem de Tony na série. Resta ver como eles serão explorados no filme.
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