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    8 ½ Festa do Cinema Italiano 2019: Carolina Raspanti, atriz com Síndrome de Down, comenta seu trabalho no belo drama Dafne

    "A diferença entre as pessoas não existe e não deve existir".

    Dafne (Carolina Raspanti) é uma jovem bastante independente. Apesar de ter Síndrome de Down, ela se insere facilmente entre pessoas sem deficiência intelectual, trabalhando num supermercado e cuidando da casa junto dos pais. Quando perde a mãe, a garota precisa atravessar o período de luto enquanto se aproxima do pai (Antonio Piovanelli), de quem não era muito próxima.

    O belo drama do diretor Federico Bondi tem despertado elogios por onde passa: depois de conquistar o Prêmio da Crítica da Mostra Panorama no Festival de Berlim, está selecionado no 8 1/2 Festa de Cinema Italiano, que continua até o dia 21 de agosto em várias cidades do país. O lançamento comercial está previsto para 5 de setembro nos cinemas.

    O AdoroCinema aproveitou para entrevistar Carolina Raspanti, escritora e atriz com Síndrome de Down que chama atenção pelo sensível trabalho no filme. Apesar da desenvoltura em cena, ela confessa que encarou o convite do diretor com desconfiança a princípio:

    "Como eu já tinha escrito dois livros autobiográficos e viajei para vários lugares para lançá-los, me colocaram no YouTube. Federico me viu e ficou impressionado comigo. Em seguida, tentou me adicionar no Facebook, mas eu não confio em mídias sociais e não aceitei. Ele conseguiu meu número de telefone e me ligou em casa. Quem atendeu foi meu pai, que conversou com ele. Federico contou quem ele era, explicou o que fazia e eu, então, aceitei o pedido de amizade. A partir daí, a gente começou a se falar muito, a nos ver e, um belo dia, ele me propôs fazer o filme com ele. Aceitei na hora!", explica.

    Raspanti atribui ao diretor a facilidade para compor a protagonista: "Federico é ótimo em escavar a alma humana. Comigo, ele conseguiu tocar os pontos mais profundos dos sentimentos. Naquele momento, eu imaginei como seria quando minha mãe na vida real não estiver mais aqui". Ela confessa se identificar com a personagem: "Dafne é Carolina e Carolina é Dafne. Mesmo que Dafne tenha um caráter forte, decidido e determinado, ela também possui um lado doce e simpático"

    Para a atriz, a primeira experiência diante das câmeras não apresentou dificuldades particulares: "A relação de Dafne com o pai é sobretudo de descoberta e de conhecimento durante o caminho que percorrem no campo, em meio ao bosque que atravessam na história. Naturalmente, também aprendi a conhecê-lo, tanto nos quatro dias antes das filmagens quanto nos momentos de pausa no filme. Apesar de não ter formação como atriz, não foi nada difícil fazer este papel"

    Além deste projeto, Raspanti também trabalha num supermercado, com sua personagem: "Os meus próximos projetos são muito simples. Estou preparando meu terceiro livro, que está quase terminado. E também quero voltar ao meu amado trabalho no Ipercoop de Lugo di Romagna, à minha rotina diária de trabalho no supermercado".   

    Questionada sobre a representação de indivíduos com Síndrome de Down nos cinemas, ela não acredita que esta seja uma questão central:

    "São muitos os desafios impostos tanto pelo filme quanto pela vida, que cada um de nós enfrentamos todos os dias. Mas para mim, em particular, não são tão difíceis porque eu os supero bem, pois tenho uma personalidade muito combativa, batalhadora. Tanto na Itália quanto internacionalmente sempre surge algum filme com personagens Down. Na França, uma garota Down protagonizou um filme há pouco tempo. Nós também somos pessoas com um coração, sentimentos e humanidade. Para mim, a diferença entre as pessoas não existe e não deve existir", conclui. 

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