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    Cine PE 2019: Curta-metragem sobre a presença de mulheres em rodas de samba abre a programação da mostra competitiva

    Presença para além dos desfiles de carnaval.

    Após uma noite de abertura emocionante, chegou a hora de conhecermos os curtas e longas-metragens que compõem as mostras competitivas do Cine PE 2019. Na noite de ontem (30), foi apresentado o curta #Procuram-se Mulheres, dirigido pela carioca Rozzi Brasil que tem o intuito de discutir a presença da mulher dentro do samba de raiz, seja compondo ou tocando a bateria.

    O filme abriu a mostra de curtas-metragens nacionais em grande estilo, com muitos aplausos do público presente no Cinema São Luiz. Realizado através de uma oficina ministrada na Quadra da Portela por Cecília Rabelo, #Procuram-se Mulheres reafirma a importância de se discutir o quão as mulheres ainda são excluídas de seus lugares de fala, não importa em qual situação. Mas as personagens que Brasil reuniu para seu curta resistem, cada uma ao seu modo.

    Cantando, compondo, absorvendo o ambiente ao seu redor ou tocando instrumentos utilizados majoritariamente por homens, as mulheres de diversas idades que expõem suas visões e experiências no curta são apaixonadas pelo que fazem. Às vezes aos risos, mas sempre falando sobre questões muito sérias, cada uma comenta, numa roda de conversa, o que as fizeram se unir ao samba de raiz e o que as mantém ali. Em meio a comentários que exprimem o machismo pelo qual passam, mas que também captam o brilho no olhar ao ver uma jovem colega ganhando reconhecimento dentro da bateria, é muito satisfatório ver o círculo de desabafo se transformar, no fim do dia, em uma roda de samba.

    Em coletiva realizada na manhã desta quarta-feira (31), a diretora Rozzi Brasil afirmou ainda estar desacreditada com a presença deste filme no festival. "A reação das pessoas ao filme... Olha, eu ainda estou meio zonza", brincou. "Sempre frequentei cinemas de rua mas nunca pensei em fazer um filme. Na época em que fiquei bem de vida era porque eu tinha um emprego, mas era tudo dentro do padrão. Já fazer cinema era coisa de outro planeta. Sou negra, de Jacarepaguá, enfim. E aí, quando eu entrei em depressão por ter perdido o emprego, acabei indo atrás de produção de eventos dentro do samba. Um dia, no Facebook, apareceu lá: curso de audiovisual da Portela, na minha comunidade. Pensei: "Estão me chamando!". Me inscrevi, fiz um argumento e entreguei. Selecionaram 30 alunos e 3 editais foram aceitos - um deles, o meu. Agora vim parar aqui, no Cine PE."

    Rozzi também comentou que um de seus dons é ser uma "desempregada de sucesso" ao falar das fases ruins pelas quais passou, mas que de toda forma lhe proporcionaram a produção de um filme. "É uma questão de ver os dons que cada um tem. Eu tive uma vida que me obrigou a exercitar os meus por sobrevivência." Segundo a diretora, seu objetivo é o de mostrar a realidade não contada das mulheres do seu meio, e também que #Procuram-se Mulheres abra as mentes dos espectadores.

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