Minha conta
    Uma Noite de 12 Anos: Chino Darín revela que a perda excessiva de peso trouxe problemas psicológicos durante as filmagens (Entrevista exclusiva)

    O ator é um dos destaques do elenco do filme uruguaio, já em cartaz nos cinemas brasileiros.

    Por mais que já tenha se destacado em outros trabalhos, não é exagero dizer que 2018 é o ano de Chino Darín. Afinal de contas, é nele que o filho do astro argentino Ricardo Darín estrelou quatro longa-metragens, dentre eles o emblemático e excelente Uma Noite de 12 Anos, candidato uruguaio ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

    Em entrevista exclusiva, Chino não só relata o impacto emocional e físico decorrente de seu trabalho no longa-metragem, como ainda o quão importante é assisti-lo despido de preconceitos. Vale lembrar que Uma Noite de 12 Anos recebeu nota máxima em sua crítica no AdoroCinema.

    ADOROCINEMA: Quão difícil foi interpretar um personagem que ainda está vivo?

    CHINO DARÍN: Foi muito difícil, provavelmente um dos personagens mais desafiadores que já tive! Pela história e também pelas implicações físicas e psicológicas que eram necessárias abordar para retratar os 12 anos de confinamento. Foi também um trabalho muito duro, em pleno inverno espanhol.

    AC: Você manteve algum contato com o verdadeiro Mauricio Rosencof antes de iniciar as filmagens?

    CHINO: Falei com ele dois meses antes de rodar o filme, e para mim foi fundamental. Uma coisa é conhecer um personagem através do que escreveu, outra bem diferente é sentar e conversar com ele, poder captar algo de seu espírito. Isto me permitiu aprofundar em vários aspectos, que retratamos no filme.

    AC: Você passou por um processo de transformação corporal muito grande, perdendo bastante peso. Como foi todo este trabalho?

    CHINO: Grande parte da dificuldade deste filme teve a ver com isto. Foi a primeira vez que passei por este tipo de transformação e, durante o processo, descobri que este era um recurso meramente estético, para ficar bem fraco para o filme, mas acabou sendo também uma ferramenta muito potente e importante ao interpretar. Ajudou muito na história que queríamos contar.

    AC: Em uma entrevista você disse que Uma Noite de 12 Anos lhe trouxe um vínculo muito intenso devido ao sofrimento vivido durante as filmagens. Poderia explicar melhor?

    CHINO: Para mim, este processo de trabalhar o personagem e perder peso era um desafio pessoal. Tinha sempre como meta alcançar algo que me ajudasse a compor o personagem. Aos poucos percebi que não se tratava apenas de perder quilos, mas de sensações e conflitos emocionais que são ampliados pelas limitações de alimentação. Sentia falta de energia, falta de humor, falta de entusiasmo. Há uma forte carga de angústia, por mais que tenha me submetido a isso voluntariamente. Eu passava mal e tive complicações psicológicas que desconhecia completamente, o que me assustou por não saber se teria energia para quando fosse necessário rodar o filme.

    AC: Esta é uma história muito particular da América Latina, que atinge em cheio não só uruguaios, mas também argentinos e brasileiros, devido à vivência destes países com a ditadura militar. De que forma você acredita que um estrangeiro, que não passou por esta situação, possa encarar esta história?

    CHINO: Com certeza esta não é uma história para todos. Quem tiver algum vínculo emocional com a ditadura militar em seu país irá se envolver mais diretamente. Entretanto, mais do que um marco sócio-político, esta é uma história muito humanista, de resistência e superação contra todos. Independente da formação que tivermos ou da ideologia política, este filme trata do que nos distingue como pessoas, como iguais.

    AC: Este é também um filme bastante político. Você acredita que, pela figura do José Mujica e por trazer ideais de esquerda, o filme possa sofrer algum tipo de preconceito?

    CHINO: Lamentavelmente, quase sempre temos preconceitos na vida. Fizemos um filme que sabemos que tem a ver com a história política e social de um país, mas gostaria que o espectador limpasse seu preconceito ao vê-lo.

    facebook Tweet
    Links relacionados
    Comentários
    Back to Top