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    Freddie Highmore, do garotinho de A Fantástica Fábrica de Chocolate ao médico autista em The Good Doctor

    Passando por um psicopata.

    Você deve ter visto Freddie Highmore várias vezes antes de The Good Doctor, mas nem todo mundo associa a criança adorável de A Fantástica Fábrica de Chocolate com o médico autista da série de sucesso.

    Foi em 1999 que começou a carreira de Highmore, aos sete anos de idade. O fato de ter uma família de artistas ajudou bastante: o britânico Alfred Thomas Highmore é filho de Sue Latimer, uma agente de celebridades - que cuidou, entre outros, da carreira de Daniel Radcliffe - e Edward Highmore, um ator de TV com passagem pela série Doctor Who.

    Por isso, o filho se lançou desde cedo na televisão e no cinema. Seu primeiro papel foi como o filho de Helena Bonham Carter em Women Talking Dirty, e depois encarnou ninguém menos que o jovem rei Arthur na série The Mists of Avalon. O garotinho já levava a profissão muito a sério: "A diversão vinha do trabalho duro. Eu sabia que precisava me preparar bem, ser profissional, para não me decepcionar e nem decepcionar os outros ao redor. Era mais do que apenas decorar falas: eu precisava saber como trabalhar dentro daquele ambiente de filmagens", explicou em entrevista ao Evening Standard.

    A primeira grande oportunidade veio com Era uma Vez Dois Irmãos (2004), drama familiar de Jean-Jacques Annaud sobre um garotinho incapaz de perceber o perigo que seus tigres de estimação poderiam representar. Em seguida, os papéis de protagonista começaram a vir com 5 Criaturas e a Coisa (2004), e principalmente com Em Busca da Terra do Nunca (2004), quando atuou ao lado de Johnny Depp.

    A atuação do garotinho foi tão impressionante que levou aos primeiros prêmios e indicações, como o Critic's Choice Awards e o Screen Actors Guild de ator coadjuvante. Quem mais se impressionou foi o próprio Depp, que sugeriu o garoto para o papel mais importante de sua curta carreira, em A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005). Logo, ele estaria recebendo o tíquete dourado para conhecer Willy Wonka.

    O sucesso do filme - pelo qual venceu o Critic's Choice Awards e o Saturn Awards - colocaram Highmore no radar de Hollywood como um valioso ator infantil. Mas o garoto afirma ter tomado precauções para evitar a carreira meteórica e pouco duradoura de Macaulay CulkinLindsay Lohan e cia. Primeiro, ele nunca quis se mudar da Inglaterra, tendo vivido no Canadá apenas durante a gravação de suas séries. "Eu tenho sorte, porque tomo distância em relação a tudo isso. Meus pais, amigos estão todos em Londres. A escola e a faculdade também me permitem perceber a ilusão [da vida de ator] ao invés de acreditar que essa é a única realidade", ele afirma ao ES.

    Por isso, ele cursou uma faculdade de letras (com especialização em árabe e espanhol), tentando levar uma vida comum enquanto mantém distância das redes sociais. "Nunca tive nenhum desses, nem Twitter, nem os outros". Se não podem seguir o ator pelas publicações online, os fãs acompanham o crescimento de Highmore no cinema e na televisão: ele começou a fazer inúmeros trabalhos de dublagem em A Bússola de Ouro (2007), Astro Boy (2009), Arthur e a Vingança de Maltazard (2009) e nos videogames derivados desses filmes. Em 2011, o adolescente Highmore também apareceu em frente às câmeras na comédia romântica A Arte da Conquista, ao lado de Emma Roberts.

    A carreira sofreu uma nova guinada com a chegada das séries que protagonizou: primeiro, Bates Motel (2013 - 2017), no qual interpretava a versão jovem do psicopata Norman Bates, do clássico Psicose, dividindo a cena com Vera Farmiga. O personagem assassino representou não apenas a oportunidade de desconstruir a aparência do "adorável ator mirim", mas também de conquistar dezenas de prêmios e passar às funções de roteirista, diretor e produtor, tudo isso aos 24 anos de idade.

    O ambicioso Highmore tentou criar sua própria série, junto de Kerry Ehrin, de Bates Motel. A história seria uma comédia romântica sobre uma executiva bem-sucedida que se apaixonaria pelo jovem assistente no mundo dos negócios, mas o piloto não foi adquirido pela NBC. Sem problema: ele logo tentou a sorte com a ABC, unindo-se aos criadores de House para produzir e estrelar a série The Good Doctor, cujas filmagens começaram três dias após a conclusão de Bates Motel.

    O projeto era arriscado, por apresentar um jovem diagnosticado com autismo e savantismo (ou seja, uma inteligência excepcional aliada à dificuldade de interação social) que se torna cirurgião. "Era uma responsabilidade imensa representar alguém como Shaun na televisão", ele explicou ao programa Live With Kelly and Ryan. "Conversamos com muitos especialistas, e tivemos um consultor sobre savantismo presente durante todas as filmagens. Também lemos muitos livros e vimos documentários. Mas sei que o Shaun nunca vai conseguir representar todas as pessoas afetadas com savantismo", completou.

    Mas o público comprou a ideia: The Good Doctor tem sido líder de audiência nas noites de segunda-feira em seu país, concorrendo de igual para igual com os sucessos American Idol e The Voice. O final da primeira temporada, quando o brilhante médico comete um erro fatal, foi visto por 9,4 milhões de pessoas nos Estados Unidos.

    Essa foi a cereja no bolo para a confirmação da segunda temporada, que estreia em 24 de setembro na ABC. Para os brasileiros, a primeira temporada está disponível através do serviço de streaming da Globoplay.

     

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