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    Festival de Gramado 2017: Paulo Betti e Eliane Giardini apresentam A Fera na Selva, filme 'fora da curva' dirigido por eles

    "Não acredito obviamente em uma carreira comercial", diz a atriz e diretora sobre o longa.

    Cleiton Thiele/Pressphoto

    Lá pelos anos 1990, ainda casados, Paulo BettiEliane Giardini encenaram a versão teatral para a novela A Fera na Selva, do escritor norte-americano Henry James, publicada no início século passado. Mais de duas décadas depois, quando ele propôs adaptar o texto para os cinemas, ela foi relutante.

    "Nós tínhamos uma divergência. Eu achava que era muito palavroso para o cinema", conta a atriz, que teve a primeira exibição de seu filme na noite desta terça-feira, no Festival de Cinema de Gramado. “Ontem eu falei [depois da sessão]: se isso fosse uma estreia de teatro, hoje a gente estaria cortando coisas”. “E ele não queria. Ele queria [o filme] exatamente dessa forma”, ela fala por Betti.

    Diego Vara/Pressphoto

    A Fera na Selva conta a história de um homem, João (Betti), que passa a vida à espera de um acontecimento que, ele supõe, vai mudar o rumo da sua própria história. Verborrágica - uma espécie de Antes do Amanhecer de um tema só -, a obra destaca a potência do texto original, sem, no entanto, conseguir superar as limitações impostas pela transposição entre as mídias (crítica completa aqui).

    O resultado é, como a diretora Eliane disse no debate com a imprensa e público, “fora da curva”. “Eu acho que a carreira do filme deve ser uma carreira de festivais, de cineclubes. Eu não acredito obviamente em uma carreira comercial. Eu não sou louca!”, riu, para completar: “para a gente, como ator, é muito importante essa ousadia. Ainda mais nós que temos uma carreira muito grande em televisão, onde a gente faz coisas bastante previsíveis e muito ligadas ao mercado, onde se corre poucos riscos, com exceção de algumas séries”.

    Cleiton Thiele/Pressphoto

    Ainda assim, ela admite um certo excesso de texto no filme dirigido a seis mãos (além de Betti e Giardini, Lauro Escorel, conhecido diretor de fotografia, assina como codiretor): “eu acho que, a partir de um certo ponto, do meu ponto de vista, não precisaria nem do texto mais, já haveria o entendimento entre essas duas pessoas [personagens] e a plateia”.

    “Mas é o melhor que nós conseguimos fazer. E eu tenho muito orgulho desse filme do jeito que ele é”, afirmou a diretora estreante que, como atriz, no meio desta edição do festival, se apresenta como forte concorrente a Maria Ribeiro (Como Nossos Pais) pelo kikito de atuação.

    Convidado neste "ménage cinematográfico", Escorel pondera: “a gente está muito viciado num tipo de filme. Temos uma tendência a resistir a outro tipo de narrativa. E por que não apresentar uma peça de teatro através do cinema também?”

    Divulgação

    A quinta noite do Festival de Gramado contou, ainda, com, além da programação de curtas-metragens nacionais, uma homenagem a uma espevitada Alice Gonzaga, herdeira (embora ela odeie a palavra) da Cinédia, conhecido como o primeiro estúdio de cinema brasileiro e tema do documentário Desarquivando Alice Gonzaga, de Betse de Paula, exibido fora de competição.

    Também aconteceu a exibição do longa argentino Sinfonia para Ana, uma cansativa história de amor enquadrada pela ditadura dos anos 1970, parte da fraca seleção de longas estrangeiros da edição 2017.

    Cleiton Thiele/Pressphoto
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