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    Joss Whedon revela preocupação com o hábito de se maratonar séries

    Para o criador de Buffy, Angel e Firefly, maratonas diluem o poder dos episódios e banalizam o impacto da experiência televisiva.

    Joss Whedon despontou no cinema como diretor dos filmes da franquia Vingadores. Porém, ele se tornou um artista cultuado por seu trabalho na televisão, por séries como Angel, Firefly, Dollhouse e o sucesso Buffy, a Caça-Vampiros, que completou 20 anos de lançamento na última sexta (10). Devido à ocasião, o cineasta destinou boa parte de sua entrevista ao THR para comentar uma prática popularizada pela Netflix: a maratona de séries.

    "Eu não ia querer fazer isso", disse Whedon sobre a necessidade de produzir temporadas pensadas para o lançamento de todos os episódios de uma vez. "Eu ia querer que as pessoas voltassem toda semana e ter a experiência de assistir a algo ao mesmo tempo. Lançamos Doctor Horrible em três atos. Fizemos isso, em partes, porque eu cresci assistindo a séries como Lonesome Dove. Eu adorava eventos televisivos", conta Whedon, referindo-se a especiais lançados semanalmente.

    Apesar do gosto pessoal, Joss Whedon não se fecha para a realidade e reconhece que o modelo estabelecido pela Netflix é baseado no que dá mais certo. Ele próprio experimentou exibir Doctor Horrible na internet em episódios semanais e viu a queda do apelo da série com o passar dos dias. Por isso, ele admite: "Se eles viessem até mim e dissessem 'Aqui a sua grana! Faz o que você ama!', eu diria 'Podem lançar onde quiserem. Tchau.' Mas minha preferência é mais old-school."

    Whedon, então, explica do seu ponto de vista de realizador: "Tudo que possamos agarrar pra fazer algo específico, um episódio específico, é útil para o público. E útil também para os roteiristas. 'É sobre isso que estamos falando nessa semana.' Ter seis, 10, 13 horas e não ter um momento para as pessoas respirarem e refletirem sobre o que dissemos... Apenas seguir em frente. 'Ah, essa é a parte sete de 10'. Isso se torna emocionalmente amorfo. E eu me preocupo com isso em nossa cultura — o total acesso o tempo todo", ele pensou, terminando sua bela digressão com maturidade: "Dito isso, se é isso que as pessoas querem, caberia a mim trabalhar duro. Eu iria me adaptar."

    Por fim, Joss Whedon expõe como pensa funcionar a diluição de força de uma série "maratonada": "Quanto mais fazemos coisas granulares e menos completas, mais isso se torna estilo de vida em vez de experiência. Se torna habitual. Perde a sua força, e perdemos algo com isso. Perdemos nosso entendimento de narrativa. Que é para o que viemos pra televisão. Viemos pra ver a resolução. Gosto de fazer essa referência — trata-se de "Angela Lansbury encontrou o assassino". E está ficado um pouco mas difícil se prender a isso. Maratona de série — Deus sabe que eu já fiz isso — é exaustivo. Mas também pode ser delicioso! Não é o diabo. Mas eu me preocupo. Faz parte de uma questão maior."

    Após essa ótima discussão proposta por Joss Whedon, conta pra gente: maratona de série ou episódio semanal?

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