QUINTO QUESITO EM JULGAMENTO: EVOLUÇÃO
Little (Alex R. Hibbert) que vira Chiron (Ashton Sanders) que vira Black (Trevante Rhodes) em Moonlight.
Considerando o quesito* sinônimo de "melhor fluência", A Chegada merece. Denis Villeneuve comanda uma trama complexa, que contém decodificação de linguagem alienígena, dilemas familiares e guerra mundial iminente, de maneira extremamente envolvente e bela. Um perfeito casamento de trilha sonora, direção de fotografia, roteiro, montagem e direção que por vezes não facilita o entendimento do espectador e mesmo assim jamais deixa seu interesse esmorecer.
*Evolução "é a progressão da dança de acordo com o ritmo do samba que está sendo executado e a cadência mantida pela bateria", de acordo com o Manual.
SEXTO QUESITO EM JULGAMENTO: ALEGORIAS E ADEREÇOS
O que diz a regra: "Neste quesito estão em julgamento as alegorias (entendendo-se, como tal, qualquer elemento cenográfico que esteja sobre rodas, incluindo os tripés) e os adereços (entendendo-se, como tal, qualquer elemento cenográfico que não esteja sobre rodas)". Ano fraco de alegorias entre os oscarizáveis, então vamos focar nos elementos cenográficos e premiar La La Land porque é lindo demais e abarrotado de referências ao próprio cinema.
SÉTIMO QUESITO EM JULGAMENTO: SAMBA-ENREDO
O hino da temporada é indiscutivelmente City of Stars, de Justin Hurwitz, Benj Pasek e Justin Paul, que não sai da boca da redação. Pode tocar na versão original, traduzida para Cidade das Estrelas, remix, só ele, os dois juntos, só ela cantarolando, em ritmo de samba, em ritmo de funk, apenas piano, no ukulele, a capela e até mesmo com John Legend, que todo mundo embarca. Hit é hit e a infinita reprodução em looping ainda não enjoou. Samba bom é assim, segura inúmeros ensaios, os 75 minutos de desfile e fica eternizado.
OITAVO QUESITO EM JULGAMENTO: MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA
Tem gente que fala mal do desempenho de Emma Stone e Ryan Gosling insistindo numa comparação injusta com Gene Kelly e Cyd Charisse ou Fred Astaire e Ginger Rogers. Ora, nenhum jurado dá notas a Selminha Sorriso pensando em Vilma Nascimento e Claudinho lembrando de Delegado. Os tempos são outros, as pessoas e propostas também. Talvez Emma e Ryan desafinem e errem passos, no entanto têm química transbordante; cortejam-se de maneira encantadora, com graça, leveza, integração e majestade; e apresentam muito bem o pavilhão La La Land.
NONO QUESITO EM JULGAMENTO: BATERIA
O coração da escola. Sem bateria não há samba, não há desfile, não há empolgação, não há nada. Se está ruim, tudo desanda. É ela que dita o ritmo, que faz acontecer. O que é igualmente imprescindível para que um filme exista? A figura do diretor - que poderia ser comparado também com o carnavalesco, mas como tal profissional não é quesito vamos usar bateria mesmo. Damien Chazelle (La La Land) e Barry Jenkins (Moonlight) são os "caras do momento". O primeiro provoca suspiros com sua apaixonada visão da Los Angeles musical dos sonhadores, mistura de passado e presente, comédia dramática e drama romântico. O segundo emociona ao colocar poesia e brutalidade na tela. Ambos estão de parabéns, nota máxima em dose dupla.
Resultado oficial:
LA LA LAND - CANTANDO ESTAÇÕES: DEZ, NOTA DEZ. OSCAR DE MELHOR FILME PRA ELE!
Aí Amy Adams invade o palco:
Brincadeira, gente. Ela só vai lá entregar algum troféu e mostrar que não guarda mágoas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas...
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