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    Donald Trump causa problemas ao Festival de Cinema de Miami por política de segurança contra muçulmanos

    O cineasta Hussein Hassan Ali deve ser proibido de comparecer à pré-estreia de The Dark Wind nos Estados Unidos. Motivo: nasceu no Iraque.

    O cinema está prestes a sofrer o primeiro impacto das mudanças prometidas pelo governo de Donald Trump. A política de segurança nacional do 45º Presidente dos Estados Unidos prevê, além da construção de um muro na fronteira com o México, restringir a entrada de refugiados e imigrantes de sete países muçulmanos. Um deles é o Iraque, para constrangimento de um importante evento cinematográfico norte-americano.

    O Festival de Cinema de Miami negociou, ao longo das últimas semanas, a pré-estreia do aclamado filme The Dark Wind, do diretor iraquiano Hussein Hassan Ali. Nascido numa das "nações propensas ao terrorismo", o cineasta deverá ser impedido de comparecer ao evento — para revolta do diretor executivo e de programação da mostra, Jaie Laplante.

    "Estou consternado com o fato de os artistas estarem sendo silenciados e impedidos de mostrar o seu trabalho. Não podemos permitir", disse Laplante, segundo o THR, avisando que não se conformará com a decisão pois "não é assim que a alma e o espírito da América funcionam". Porém, ele admitiu estar esperando pelo pior: "Estou ciente de que o consulado dos EUA em Arbil já está atuando como se [a medida provisória] estivesse em vigor e não está procedendo normal ou habitualmente."

    A certeza de Jaie Laplante se baseia num fato: Hussein Hassan está tentando tirar o seu visto desde antes de vazar na mídia que Donald Trump assinará os decretos de seu plano de segurança nacional. Porém, o cineasta iraquiano vem sendo constantemente boicotado: primeiro, foi dito que aconteceu um problema em sua solicitação; depois, ele foi apenas ignorado. O protesto de Laplante reside justamente no fato de nem realizarem uma entrevista com Hassan Ali, esclarecendo o (nobre) motivo da viagem do cineasta aos EUA.

    "O título The Dark Wind se refere à extensão do ISIS pela região, mas eu não consigo não sentir que um 'vento negro' [tradução do filme] também sopra sobre os Estados Unidos nesse momento", declarou Laplante, indignado com a censura de Hassan. O cineasta iraquiano, por sua vez, adotou um discurso mais tranquilo, explicando por que deseja exibir seu longa-metragem em território estadunidense.

    "The Dark Wind mostra ao público o que não se pode ver na mídia", disse o cineasta sobre o seu longa, que trata do genocídio da etnia yazidi no Oriente Médio. "O filme é uma síntese emocionante da Guerra no Iraque. E os Estados Unidos são um partícipe importante na luta contra o Estado Islâmico. É por isso que eu gostaria de apresentar pessoalmente o meu filme para o público americano e falar sobre a verdade por trás das imagens", escreveu Hussein Hassan, por e-mail.

    O Festival de Cinema de Miami 2017 acontece entre os dias 3 e 12 de março.

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