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    "Eu queria desconstruir os contos de fada", explica o diretor de Romance à Francesa (Exclusivo)

    A história de Emmanuel Mouret começa com o "final feliz", mas depois introduz problemas na vida do casal.

    O diretor Emmanuel Mouret não se considera ator, mas em Romance à Francesa, ele aparece mais uma vez em seu próprio filme. "É o meu produtor que me pede para fazer. Eu sempre digo que no próximo filme não vou atuar, mas aí olha o que acontece!", ele brinca.

    Conhecido pelas comédias românticas (A Arte de Amar, Faça-me Feliz), o cineasta experimenta desta vez um quadrado amoroso: na trama, o tímido professor Clémence (Mouret) se apaixona pela famosa atriz Alicia (Virginie Efira), e para sua surpresa, é correspondido. Mas quando o relacionamento anda bem, ele conhece a imprevisível Caprice (Anaïs Demoustier), que o persegue e acaba mostrando seu charme... Ao mesmo tempo, o melhor amigo de Clémence, Thomas (Laurent Stocker), começa a se apaixonar por Alicia.

    O AdoroCinema conversou em exclusividade com o diretor sobre Romance à Francesa, que estreia nos cinemas dia 20 de outubro:

    Paixão ao contrário

    Sobre esta história curiosa, que parte do amor perfeito e depois complica a vida do casal, o diretor explica: "Eu queria desconstruir o conto de fadas, porque Clémence faz o que ninguém faria, ele se declara para a atriz, que é o oposto da personagem de Caprice. Isso se torna um sonho". Ele completa: "Na verdade, tudo é possível no cinema. Meus filmes não tentam fazer uma análise do mundo, minha única obsessão são as relações amorosas".

    Cinema clássico

    Mouret é frequentemente comparado a Woody Allen e Eric Rohmer, graças aos filmes leves, pautados pelos diálogos entre personagens apaixonados. O cineasta assume essas referências: "São diretores que admiro muito. Também tem o Ernst Lubitsch, que transformou completamente a história do cinema, e sem dúvida Jean Renoir. Eu me inspiro muito do cinema clássico". 

    Mas ser clássico não é um problema, pelo contrário: "Desde o renascimento, as pessoas se inspiram do período anterior a elas. Por isso, o cinema dos anos 1940, 1950 e 1960 permanece uma grande fonte de inspiração no cinema atual. O clássico, para mim, é o que não envelhece, que continua moderno. Isso não impede a invenção formal. É possível ser atual e clássico ao mesmo tempo, em filmes cuja forma ultrapassa as fronteiras da atualidade".

    Corpos que falam

    Sobre a paixão pelos diálogos e repetições, Mouret afirma que esta é a própria essência do cinema: "Três quartos do cinema são diálogos, corpos que falam. Os diálogos são muito cinematográficos, eles aproximam o olhar do personagem do olhar do espectador. Nós ficamos verificando a expressão dos rostos para saber se o que dizem é verdade, se corresponde realmente ao personagem. A direção consiste em olhar, e saber quando esconder, quando deixar informações ocultas".

    As repetições também ocupam um espaço importante em Romance à Francesa. O obcecado Clément assiste várias vezes à mesma peça de Alicia, e Caprice só consegue conquistar o professor depois de muita insistência. "Repetições são relações geométricas, e todos somos muito sensíveis a isso. São como as rimas na poesia. Existe uma ligação forte com o imaginário, como uma figura de linguagem. Busco uma forma que instigue o pensamento, ao invés de apenas descrever a história. É um jogo de formas, para despertar o pensamento e as sensações do espectador", ele conclui.

     

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