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    Internet - O Filme vai manter os palavrões do YouTube "sem o ranço da TV", prometem Rafinha Bastos e Felipe Castanhari

    "O livro deles vende, o esmalte vende... Por que o filme não venderia?".

    Aline Arruda

    Felipe Castanhari, Cocielo, Gusta, Thaynara OG, Pathy dos Reis, Rafinha Bastos, Nakada, Cauê Moura... Uma dezena de celebridades das redes sociais está reunida em Internet - O Filme, comédia do diretor Filippo Lapietra, que deve chegar aos cinemas no começo de 2017. A ideia é retratar como o veículo mudou a vida da nova geração, e de que maneira as webcelebridades lidam com a fama.

    O roteiro é de Rafinha Bastos, que criou seis histórias diferentes sobre pessoas cujas vidas são transformadas pelos canais no YouTube, pelos posts no Facebook, pelos vídeos íntimos vazados... De acordo com Rafinha, esta será a primeira produção "com gente de Internet, sobre Internet, para o público da Internet". Ele completa: "É muito mais profundo do que parece pelo título", algo com que Felipe Castanhari concorda: "Existe uma mensagem importante que a gente quer passar".

    O AdoroCinema aproveitou para conversar com eles, em exclusividade:

    Como adaptar a Internet para o cinema?

    Rafinha Bastos: "A gente brinca com os cortes, com a pessoa olhando para a câmera às vezes, como num vlog. Discutimos muito sobre como adaptar os códigos da Internet, mas ainda ser cinema. Mesmo assim, nosso foco é outro: fazer histórias legais. O filme também brinca com a família das pessoas ligadas ao universo da Internet. Tem uma história sobre um personagem famoso, mas a família não entende isso". 

    Felipe Castanhari: "O Filippo tem bastante referências atuais, como Scott Pilgrim Contra o Mundo. Ele está tentando trazer esse formato para o projeto. É um filme de ritmo frenético, com várias histórias que vão se cruzando. É lógico que a gente tem que respeitar o formato de cinema, mas também é possível criar em cima dele".

    Aline Arruda

    O público-alvo de Internet - O Filme

    Felipe Castanhari: "Acho que o filme vai funcionar não só com o público jovem, mas também com o público mais velho. Sempre param para perguntar com o pessoal da Internet, e para mim inclusive, como é lidar com a fama, como é este universo. O filme mostra muito isso, e desperta interesse sobre assuntos que podem ser do interesse de toda pessoa".

    Rafinha Bastos: "Em alguns momentos, eu escrevia as piadas e depois pensava que era algo muito específico para o público da Internet. Então eu tirava. Só algumas piadas específicas nós decidimos manter, porque quem entender vai rir bastante, e quem não entender, não vai ter problemas para entender a trama. A referência não é o mais importante".

    A Internet no cinema é uma tendência?

    Felipe Castanhari: "É um caminho natural. A televisão evoluiu assim, vindo do rádio. Todos os formatos foram importados, e muito do YouTube é uma adaptação do que existia na televisão. Hoje em dia, a Internet é a novidade, com as redes sociais. É normal que esse formato seja retratado no cinema. O cinema, desde o início, retrata o que é consumido na sociedade".

    Rafinha Bastos: "Existe um público que quer consumir essa turma. Além de ser legal e natural eu estar nesse lugar com eles, é só ver que o livro deles vende pra caramba, o esmalte vende, o batom vende... Por que o filme não venderia também? É uma aposta que pode abrir uma nova oportunidade, sem o ranço da televisão, sem ter problemas de contratos, porque tal ator só pode filmar no intervalo da novela etc. Foi algo tranquilo. Quem só faz filmes com pessoas de TV sabe como é difícil, em termos de agenda". 

    Aline Arruda

    Sexo e palavrão

    Rafinha Bastos: "Desde o começo, eu bati o pé: a gente não podia fazer uma versão light do que eles publicam na Internet. Eu disse que, se precisasse, a gente aumentaria a classificação etária do filme. Não dá para eu chamar o Cocielo e não deixar o cara falar palavrões. Isso não é Carrossel! O público é maior, e palavrão não é um problema.

    As histórias têm sexo – não é explícito, claro – e têm piadas mais pesadas. Tem uma assinatura minha no humor. Se tirarem o peso do texto, some o peso dos caras, e o peso meu também, porque eu tenho a mão pesada. É claro que eu fiz uma adaptação, não são as mesmas piadas que eu usaria para mim, mas existe uma assinatura muito minha".

    A Internet hoje em dia

    Felipe Castanhari: "Algo que me instiga muito na Internet é a velocidade com que as coisas evoluem. O tipo de vídeo que era feito dois anos atrás não é mais o mesmo tipo de atualmente. A principal mudança é o timing.

    A galera mais nova consumindo vídeos no YouTube quer coisas mais mastigadas, mais rápidas. Cada vez mais o título chama mais atenção que a matéria em si. Você vê sites bombando com o formato de listas. É preciso se adaptar. Tudo é muito rápido: os meus vídeos de dois anos atrás tinham respiro, hoje em dia eu não respiro, as falas se sobrepõem, e tem que ser assim. Eu sinto que a cada respiro que dou no vídeo, perco cem ou duzentas pessoas assistindo. Não posso dar um motivo para a galera parar de me assistir.

    A molecada precisa de informação o tempo todo, piscando na tela. Preciso me comunicar de uma maneira jovem, como se estivesse com meu amigo. Não posso fingir ser um espectador. É preciso falar como os jovens se comunicam. Acredito que daqui a dois anos, vai ser algo diferente de novo".

    Aline Arruda

    Rafinha Bastos: "Esse filme tem uma representação muito forte para mim. É humor, é sobre Internet, ou seja, é tudo que eu sei fazer. Comecei fazendo humor na Internet, com a 'Página do Rafinha', 17 anos atrás.

    Apesar de ter quinze, às vezes vinte anos a mais que os atores do resto do filme, eu sou muito fã deles. Vejo neles um frescor que eu sempre fiz questão de manter nas minhas produções. É um desapego, uma falta de preocupação para saber se vai dar certo ou errado, se vai ofender alguém ou não. Eu já tinha feito cinco filmes, mas este é o primeiro totalmente roteirizado para mim. É o lugar ideal para começar uma carreira que, se Deus quiser, ainda vai muito longe".

    Novos projetos no cinema?

    Felipe Castanhari: "Eu amo cinema. Tenho um respeito muito grande pelo cinema, já fui animador 3D. Cinema é uma paixão minha, de coração, como arte. Vivi muito isso na minha vida, e me envolvi com a parte de produção artística. Tenho muita vontade de investir na área de atuação. Sei que é algo difícil, é uma arte complicada de se dominar, porque exige muito estudo e dedicação. Mas eu queria fazer parte disso.

    O principal eu tenho, que é a vontade. E sempre ouço muito, do diretor e das pessoas. Se eu faço uma cena e fica ruim, peço para me falarem sempre. Não quero que meu ego seja massageado, quero aprender e melhorar. Esse filme vai ser um grande aprendizado para os próximos filmes que vierem – se vierem".

     

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