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    Após atentados na França, diretor anuncia O Ódio 2 e filme indicado ao Oscar é retirado dos cinemas

    Os nervos estão à flor da pele na classe artística francesa.

    A França não está perto de se recuperar dos atentados terroristas do início de janeiro. Desde que dois homens entraram no jornal Charlie Hebdo, matando mais de uma dezena de pessoas, a nação tem promovido um caloroso debate sobre a integração do islamismo na Europa e sobre a maneira de lidar com o extremismo religioso. Entre reações violentas de ambos os lados (incluindo diversos atos criminosos islamofóbicos), a classe artística e cinematográfica também está reagindo.

    Uma consequência dos atentados no cinema foi o anúncio de O Ódio 2. O cineasta Mathieu Kassovitz despertou grande polêmica quando lançou O Ódio (1995), crônica violenta das minorias sociais esquecidas pelo governo e agredidas pela polícia. Os personagens principais eram um negro, um judeu e um árabe vivendo nas periferias.

    Kassovitz já tinha declarado publicamente, no ano passado, a intenção de abandonar o cinema, por duvidar que fosse capaz de criar um filme melhor do que O Ódio. Mas os atentados fizeram com que o diretor mudasse de ideia, declarando a intenção de começar o filme "assim que sair dos estúdios" da rádio France Inter, onde concedeu entrevista.

    "Eu não acredito que este seja um país antissemita. Eu não acredito que este seja um país islamofóbico. Eu não acho que sejamos fundamentalmente racistas. Eu acho que somos prisioneiros das nossas políticas e da nossa mídia, que nos condicionam a pensar que somos assim. Mas nós somos nossos próprios inimigos", afirma.

    Assista a um teaser de O Ódio:

    Ao mesmo tempo, um filme que já estava em salas foi retirado de cartaz na cidade de Villiers-sur-Marne. Timbuktu, drama da Mauritânia indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, não será mais exibido nos cinemas da cidade por fazer "apologia ao terrorismo", de acordo com o comunicado oficial da prefeitura.

    A trama do filme de Abderrahmane Sissako gira em torno de um homem preso e torturado por um grupo de fanáticos religiosos, após ser acusado da morte de um pescador. "Não era mais possível exibir Timbuktu neste momento. Nós o exibiremos mais tarde, dependendo de como a situação evoluir", afirmou o prefeito Jacques-Alain Bénisti, do partido de direita UMP. Na época em que se discute a importância da liberdade de expressão, a declaração de Bénisti deve despertar novas controvérsias entre a classe artística francesa. 

    O filme está em cartaz na França desde 10 de dezembro, e tem conquistado um grande sucesso, com mais de 500 mil ingressos vendidos em todo o país.

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