Minha conta
    Veneza 2014: Dose dupla de Al Pacino na Biennale

    O ator veio ao Festival de Veneza para apresentar dois filmes: Manglehorn, que está na disputa pelo Leão de Ouro, e The Humbling, fora de competição.

    Três anos após apresentar em Veneza seu mais recente trabalho como diretor, Wilde Salomé (ainda inédito no Brasil), Al Pacino está de volta à Biennale. E, desta vez, em dose dupla. O ator é o protagonista de dois filmes exibidos na programação deste ano: Manglehorn, selecionado para a mostra competitiva, e The Humbling, fora da disputa pelos prêmios concedidos no festival.

    Nenhum deles é um grande filme, é verdade. São bons, muito graças ao desempenho de seu astro maior. Entretanto, vê-los em seguida dá bem a dimensão da capacidade do ator, já que são personagens completamente diferentes.

    Em The Humbling, dirigido por Barry Levinson (Rain Man) e coestrelado por Greta Gerwig (Frances Ha), Pacino dá vida a um consagrado ator de teatro que, repentinamente, sente ter perdido a capacidade de interpretar. Após uma passagem por uma clínica, ele reencontra a filha de um grande amigo, que não via desde que ela era uma criança. Lébisca assumida e com relacionamento estável, ela sempre nutriu uma paixonite pelo colega do pai e, quando vê que ele está sozinho, joga tudo para o alto (até mesmo a preferência sexual) e investe em uma relação ao seu lado.

    Por ser um personagem mais próximo de sua persona, Pacino está mais à vontade em cena e explora bastante seus característicos gestos expansivos, além de ressaltar certas excentricidades peculiares. O filme se sustenta nos contrastes de idade e pensamento entre o inusitado casal, com algumas sacadas divertidas. Entretanto, é um pouco longo demais e apenas engrena de fato quando a personagem de Gerwig entra em cena.

    Já em Manglehorn, Pacino intepreta o personagem título, um senhor solitário sem esperança no amanhã. Trata-se de uma atuação minimalista, ressaltada pelo olhar cansado de quem nada mais espera da vida, que apenas ganha brilho quando lembra de seu grande amor. É o típico filme de construção de personagem, possibilitando um show solo de seu protagonista. De ritmo lento e com uma trilha sonora envolvente, que ajuda bastante na narrativa, Manglehorn consegue quebrar a expectativa no decorrer da história mas derrapa na sequência final, quando tenta ser condescendente com seu personagem principal. Não precisava.

    Na coletiva realizada após a exibição para a imprensa, o diretor David Gordon Green revelou que a escolha de Al Pacino como protagonista se deu muito graças ao seu desempenho em Espantalho, filme que marcou sua formação cinematográfica. Chris Messina, que interpreta o filho de Manglehorn, sintetizou: "Para mim e meus amigos, Al Pacino é Marlon Brando".

    facebook Tweet
    Links relacionados
    Pela web
    Comentários
    Back to Top