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    Gramado 2014: O ousado Sinfonia da Necrópole apresenta um musical no cemitério

    A diretora Juliana Rojas apresentou seu novo filme, que já está bem cotado para os principais prêmios do festival.

    Cleiton Thiele/PressPhoto

    Quando se pensa em um musical, logo vem à mente algo alegre e que faça as pessoas rirem. E se ele for situado em um cemitério? Este contraste é um dos atrativos do inusitado Sinfonia da Necrópole, primeiro longa-metragem dirigido apenas por Juliana Rojas (ela havia codirigido Trabalhar Cansa juntamente com Marco Dutra), exibido ontem à noite no Palácio dos Festivais.

    A trama do filme gira em torno do ingênuo e medroso Deodato, um aprendiz de coveiro que passa a trabalhar com Jaqueline, contratada para reorganizar os túmulos abandonados de forma a construir no local um cemitério vertical. Não demora muito para ele se apaixonar pela colega de trabalho, ao mesmo tempo em que contesta as mudanças aplicadas. Tudo em meio a várias canções espirituosas e bastante sarcásticas, que criam um contraponto com o clima fúnebre inerente do local e ainda levantam questões interessantes sobre especulação imobiliária e até o próprio capitalismo.

    "Desde que nos conhecemos, eu e o Marco fazemos canções", explicou Juliana Rojas, coautora das músicas vistas no filme. "Gostamos muito das animações da Disney, que quase sempre são musicais, então já tínhamos este hábito como brincadeira. A primeira ideia de um musical no cemitério surgiu ainda na faculdade e, dois anos atrás, no meu aniversário, o Marco me deu de presente a canção dos caixões. Esta é a única que é só dele, pois fez letra e música."

    A diretora disse ainda que sempre gostou de conhecer os cemitérios das cidades que visitava. "Sempre olhei o cemitério meio como reflexo da cidade", explicou. A ideia da trama principal que conduz o filme veio de um fato real ocorrido em Campinas, onde um cemitério não tinha mais espaço para enterrar as pessoas. "Queria usar este espaço e esta história para fazer uma alegoria sobre a expansão urbana. Como para a maioria das pessoas o cemitério é um lugar pesado, sobre a morte, sabia que tinha que fazer um filme leve. Daí veio o registro musical, para fazer esta ruptura."

    Diante desta proposta, os escalados para o elenco tiveram que, além de atuar, também cantar. "As músicas foram gravadas antes do set de filmagens, o que ajudou bastante", disse Luciana Paes, intérprete de Jaqueline. "A música é uma dilatação destes personagens, para entender o que eles estão sentindo", complementou Eduardo Gomes, que dá vida a Deodato. A diretora Juliana Rojas fez uma comparação definitiva sobre o tom das canções: "O filme tem um lado meio anos 1980, com tecladão, sem se levar tanto a sério. Meio Lua de Cristal", lembrando o sucesso estrelado por Xuxa e Sérgio Mallandro.

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