Uma coisa fica clara de imediato: A Fera não é uma obra-prima de ação e suspense sobre a qual os fãs de cinema falarão por muitos anos. E não reinventa a roda. Na verdade, é o oposto: remonta um pouco às raízes dos thrillers de gênero simples, que eram Homem vs. Natureza ou Homem vs. Monstro – e que dispensam longas exposições, reviravoltas complicadas e subtramas desnecessárias. Você dificilmente vê algo assim hoje em dia. E se vê, costuma ir direto para o streaming.
A Fera tem 93 minutos (incluindo os créditos), o que o torna um verdadeiro deleite em comparação com muitos filmes atuais de Hollywood que duram 130 minutos ou mais – e que muitas vezes poderiam ter meia hora a menos. O diretor Baltasar Kormákur (Contrabando, Evereste), no entanto, não perde muito tempo com o tipo de comentário lento que às vezes torna os longas mais épicos, ou apenas mais longos e chatos. Uma vez iniciado, é quase impossível de parar.
Beast, no original, está disponível para compra e aluguel no Prime Video e Apple TV.
A Fera: Filha de Idris Elba foi reprovada em teste e parou de falar com o pai por 3 semanasA trama pode ser resumida em: Dr. Nate Daniels (Idris Elba) retorna à África do Sul, onde conheceu sua esposa recentemente falecida. Na reserva natural administrada por seu velho amigo Martin (Sharlto Copley), ele agora quer se aproximar de suas filhas distantes, Meredith (Iyana Halley) e Norah (Leah Jeffries). Mas, antes que perceba, ele e sua família se veem em um duelo sangrento entre caçadores ilegais implacáveis e um leão vingativo.
Uma viagem selvagem e emocionante
Você gosta de analisar filmes e sua lógica assim que os assiste? Então, deve encarar A Fera com cautela. Porque, sejamos honestos, nem tudo que os personagens fazem faz sentido. Mas, ei, não é como se as pessoas não agissem irracionalmente em situações estressantes na vida real também.
Mas se o filme te cativar logo no primeiro ato, se você se deixar levar pelos papéis de Elba (Thor), Copley (Distrito 9) e pelas duas jovens atrizes, Halley e Jeffreis, e em especial, por seus relacionamentos estilhaçados, nem notará quando a viagem pela natureza selvagem se transformar em uma luta implacável pela vida ou pela morte.
Universal Pictures
Apesar das fragilidades do roteiro, A Fera consegue cativar o público a tal ponto que não há tempo para se preocupar com potenciais lacunas lógicas. O diretor consegue a proeza de construir uma intensidade incrível em um espaço de tempo muito curto, criando um arco de tensão que nunca ameaça se romper. Talvez você agisse de forma diferente dos personagens, e melhorias nos efeitos especiais aqui e ali poderiam ser feitas – mas tudo isso é perdoável. Em sua essência, o longa é um drama sobre uma família cujas vidas são temidas. E, como tal, o filme funciona brilhantemente.
A Fera: Como foram feitas as cenas com o leão em CGI? (Entrevista)Isso faz de A Fera a contraparte de terror animal do filme-catástrofe Destruição Final: O Último Refúgio, estrelado por Gerard Butler. Este também teve que se contentar com um orçamento relativamente baixo e abrir mão, em grande parte, das grandes imagens que sucessos de bilheteria como 2012 ou Terremoto - A Falha de San Andreas usam para atrair multidões aos cinemas. Com uma mudança do espetáculo de efeitos para o drama, Destruição Final não só difere de seus rivais — como também é um bom longa. Porque mesmo que grandes imagens nos impressionem, grandes emoções são um jogo bem diferente.
A Fera é uma mistura envolvente de drama familiar e terror animal de dar nó na cabeça que pode não ficar para sempre gravado na memória, mas sua duração de uma hora e meia não permite um único momento de tédio.