O terror marcou presença no último Oscar com A Substância, de Coralie Fargeat. O gênero, um dos grandes esquecidos na premiação, pode aparecer na cerimônia de 2026 graças a A Hora do Mal. O filme de Zach Cregger tem em seu elenco uma atriz que conquistou público e crítica e já é uma potencial candidata à estatueta: Amy Madigan.
Se a indicação for confirmada, não será a primeira vez que Madigan comparece a uma cerimônia do Oscar. Ela esteve presente há 26 anos e teve um gesto polêmico com um dos vencedores de 1999, sobre o qual falou recentemente.
Robert De Niro e Martin Scorsese foram os encarregados de entregar o Oscar honorário a Elia Kazan, diretor de títulos como Viva Zapata! (1952) e Sindicato de Ladrões (1954). Warren Beatty, Kathy Bates e outros atores aplaudiram, mas quando a câmera focou em Madigan e seu marido Ed Harris, nenhum deles se moveu. Eles não foram os únicos; outros nomes como Nick Nolte, tiveram a mesma atitude.
Kyle Buchanan, que entrevistou Madigan para o New York Times, compartilhou em sua conta no X a resposta da atriz à pergunta sobre por que ela decidiu não aplaudir Kazan. As palavras da atriz não foram publicadas na versão final da entrevista, mas Buchanan compartilhou uma captura de tela delas.
"É. De jeito nenhum eu faria isso. De jeito nenhum", começa Madigan. "Meu pai, que não está mais entre nós, era analista político e jornalista, e estava trabalhando no Capitólio quando o macartismo estava em alta, e isso o afetou profundamente. E, sim, tudo isso voltou à minha mente. Eu pensei: 'Não'".
A caça às bruxas do macartismo
The Academy Awards
Madigan está se referindo ao depoimento de Kazan perante o Comitê de Atividades Antiamericanas da Câmara em 1952. De 1947 a 1957, o senador Joseph McCarthy e sua equipe ficaram famosos por liderar uma caça às bruxas que tinha como alvo supostos agentes soviéticos ou simpatizantes comunistas infiltrados em escritórios do governo.
Em Hollywood, havia uma lista de figuras suspeitas. Naquela época, qualquer pessoa que denunciasse seus colegas podia continuar trabalhando na indústria cinematográfica, e Kazan, que havia sido militante comunista por um breve período, foi convocado pela primeira vez em janeiro de 1952. Ele não revelou nomes na ocasião, mas em sua segunda aparição, traiu alguns de seus colegas.
Elia Kazan tornou-se, assim, um pária em alguns círculos de Hollywood. Em 1997, o diretor falou sobre como seu depoimento o afetou. "Quer saber a verdade? Nem um pouquinho", respondeu ele ao The New York Times quando questionado se estava incomodado com a ira que recebeu. "Recebi tantos elogios na minha vida. Alguns merecidos, outros imerecidos. Que diferença faz? Durante todo esse tempo, não foi nada agradável. As pessoas ficaram muito magoadas com o que aconteceu. Acho que eu fiz parte disso. Eu disse o que pensava e tinha o direito de fazê-lo".