Avaliado pelos leitores do AdoroCinema com um magnífico 4 de 5 estrelas, o filme de suspense Vidas em Jogo, dirigido por David Fincher e protagonizado por Michael Douglas e Sean Penn, foi um dos vários filmes com os quais o cineasta conseguiu se posicionar nos anos 90 como um dos diretores mais promissores de sua geração. Apenas dois anos antes, havia cativado público e crítica com o brilhante Seven - Os Sete Crimes Capitais, um dos melhores suspenses da história, então voltou a apostar no gênero em seu filme seguinte.
O resultado foi Vidas em Jogo, um filme que foi bem recebido pela crítica - apesar que poderia ter funcionado melhor nas bilheterias - no qual Michael Douglas interpretava Nicholas Van Orton, um milionário bem-sucedido, mas atormentado pelo traumático suicídio de seu pai, a quem seu irmão Conrad (Penn) fazia um enigmático presente: um cartão da empresa CRS (Consumer Recreation Services) que o convidava a participar de um misterioso jogo. No início, Van Orton hesita, mas não pode evitar sentir uma grande curiosidade que o leva a decidir participar. No entanto, os estranhos incidentes que começam a acontecer ao seu redor acabam fazendo-o temer por sua vida.
Após 2 horas e 8 minutos de intriga, a resolução final de Vidas em Jogo não passou despercebida para ninguém. Várias reviravoltas surpreendentes que alguns receberam de braços abertos e que outros não apreciaram tanto, mas que, sem dúvida, se tornaram o aspecto mais memorável do filme. David Fincher, com a astúcia que o caracteriza, conseguiu criar uma confusão mental total não apenas em seu personagem protagonista, mas também no próprio público.
Propaganda Films / PolyGram Filmed Entertainment
Alerta de spoiler! Se você ainda não assistiu ao filme, pode encontrá-lo no catálogo Netflix.
No final da história, Nicholas consegue localizar a CRS, a empresa responsável por suas desgraças e, desesperado, toma como refém uma funcionária da empresa e sobe ao terraço do edifício. Com a pistola na mão, quer descobrir a verdade a todo custo, então aponta sua arma para a porta do terraço sem saber que seu irmão estava do outro lado. Conrad queria recebê-lo com uma garrafa de champanhe para celebrar seu aniversário adequadamente e finalizar o jogo.
Após observar o horror de seus atos, Nicholas se joga no vazio. No entanto, seu pouso sobre um gigantesco colchão inflável nos revela a surpresa definitiva: seu irmão, coberto de sangue falso, reaparece, com vida, para desejar-lhe um feliz aniversário, revelando que tudo não passou de uma montagem gigantesca, orquestrada até o último detalhe.
Entretanto, a montanha-russa de emoções nesta reta final não foi igualmente recebida por todos: enquanto alguns a acharam brilhante, outros a consideraram demasiado inverossímil.
Por sua parte, o próprio Fincher acredita que arriscou demais e não se sente especialmente orgulhoso: "Vi este filme como um episódio da Além da Imaginação, onde o personagem experimenta um horror abstrato. Depois, no final, há uma explicação simples que nos diz que este foi um filme no qual o espectador é o herói e pagou por isso. Por outro lado, o herói provavelmente não deveria ter caído de um edifício tão alto no final. Digamos que também aprendemos com nossos erros", confessou durante sua visita à Cinemateca Francesa em outubro de 2023, segundo citado em Trois Couleurs.