Não irrite o Clint Eastwood: Esse diretor foi demitido durante a filmagem de um faroeste

Desavenças criativas na gravação de Josey Wales, o Fora da Lei resultaram, até mesmo, em problemas com o Sindicato dos Diretos Americanos.

Depois de se transformar no rosto do faroeste americano e estrear na direção em 1971 com o thriller psicológico Perversa Paixão, Clint Eastwood se debruçou por completo no gênero que o formou como artista. Em 1975, Eastwood se preparava para dirigir o western Josey Wales, o Fora da Lei ao lado do cineasta Philip Kaufman, mente por trás de Os Invasores de Corpos. Uma série de desavenças, porém, marcou os bastidores da produção que terminou com a demissão de Kaufman e uma multa para Eastwood.

Se já em seu material de apoio Josey Wales, o Fora da Lei demonstrava sua capacidade de gerar polêmicas, foram durante as gravações que os problemas realmente surgiram. O longa foi inspirado num livro que, posteriormente, descobriram ser escrito por um dos líderes do grupo racista Klu Klux Klan sob o pseudônimo Forrest Carter. As conotações preconceituosas da narrativa levaram Eastwood e Kaufman a se desentenderem sobre o tom do filme, cada um com uma visão de como abordar o conteúdo.

Enquanto Kaufman queria apaziguar as implicações segregacionistas da história, Eastwood queria se manter fiel à postura política do material de origem. Mesmo que Kaufman, conjuntamente com o diretor Michael Cimino e a roteirista Sonia Chernus, tenha desenvolvido o roteiro, o longa estava sob as asas da parceria da produtora de Eastwood, a Malpaso Productions, com a Warner Brothers. Além disso, a estrela do western comprou parte dos direitos de adaptação, o que o deixava com voz final em qualquer decisão.

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Após uma semana de filmagem, assim, Eastwood demitiu Kaufman da produção e ocupou a posição de diretor sozinho, colocando a trama na direção que desejava.

“Quando chegou a hora de filmar, ele tinha ideias um pouco diferentes sobre o estilo do filme”, contou Eastwood para o livro Clint Eastwood: Interviews. “E eu investi meu próprio dinheiro no longa, comprei o livro do zero e achei que não queria vê-lo retratado daquela forma. Foi estritamente um ponto de vista. Nunca saberemos, mas suas ideias poderiam ter sido as melhores. Eu apenas tinha uma linha de pensamento, adorava o projeto e não queria que fosse feito da maneira como ele iria interpretá-lo. E ele não queria fazer do jeito que eu queria. Não havia nenhuma animosidade ou desrespeito com relação a ele de nenhuma forma."

E as controvérsias não acabaram após o lançamento do filme. O Sindicato dos Diretores Americanos (a DGA) não apenas declarou abertamente suas críticas ao veredito de Eastwood, mas emitiu uma multa de 60 mil dólares ao ator e cineasta pelo inconveniente sem precedentes. Foi criado, inclusive, um mandato no regulamento do sindicato chamado “The Eastwood Rule”. Nele, estava proibido, diante de qualquer emergência, um diretor, produtor, ator ou força criativa de um filme demitir o diretor se a produção já estiver em andamento.