Ame ou odeie, mas Ridley Scott é um dos cineastas mais prolíficos de sua geração. Da ficção científica Alien, o Oitavo Passageiro ao drama histórico Napoleão, sua filmografia é guiada por experimentações nos mais variados gêneros. Tanto que ele é responsável tanto por Casa Gucci quanto por Perdido em Marte, filmes que vão em direções opostas.
Muitos podem não se lembrar, mas o realizador também dirigiu Cruzada, filme de 2005 que recebeu uma nova temporada nos cinemas norte-americanos com relançamento em 4K. Em entrevista recente ao Deadline realizada em 2023, Scott falou sobre o filme controverso que teve sua versão extendida aclamada, de 187 minutos, e o corte comercial, de 145 minutos, odiado.
Nem O Poderoso Chefão, nem Um Sonho de Liberdade: O filme preferido de Ridley Scott foi esquecido pelos brasileiros“Em Cruzada, retirei 17 minutos e não deveria ter feito isso. Tratava-se do dilema de Sybille [Eva Green], a princesa de Jerusalém, que descobre que seu filho tem lepra. Engoli 17 minutos de filme. Para mim, deu mais substância ao filme. Apaguei para aliviar a história e me arrependo. Agora assisto o filme e acho bom. Muito bom”, comentou o cineasta.
20th Century Studios
Agora, em uma conversa com o IndieWire, o diretor retomou o assunto e abordou, especificamente, o trecho da atriz de Penny Dreadful:
"Na história registrada, foi alegado que o filho de Sibylla faleceu por volta dos 13 ou 14 anos. Também sugeria que a criança poderia ter tido lepra e, portanto, ela não suportaria ver seu filho passar pelo que seu irmão passaria com uma doença incurável. Então, ampliamos isso", disse ele em relação à construção do arco da personagem. "[Eva Green] nunca me perdoou por cortar aqueles 17 minutos. A mãe dela gritou comigo: 'Como você consegue fazer isso?'. Eu disse: 'Eu sei, me desculpe!'"
Um dos maiores sucessos de bilheteria de Ridley Scott e também um de seus filmes mais criticadosEle ainda falou sobre o processo de cortes do projeto. "O problema é que é uma dança agressiva constante entre o comércio e a arte, e cada lado tem o direito de ter uma opinião. Se alguém está me dando um milhão de dólares para fazer o meu filme, ele tem o direito de ter uma opinião. Se alguém está me dando 200 milhões de dólares, ele tem todo o direito de ter uma opinião. Se eu estivesse desse lado, eu gostaria de saber tudo. Então, de certa forma, vocês dois se atrapalham", disse ele.
Anteriormente, ele já havia citado todo o processo caótico de produção do filme." O que aconteceu com Cruzada foi um pouco estúpido. Quando você faz um filme, você está sozinho à frente de uma equipe enorme. Quando terminei, estava completamente exausto. Com o passar dos anos, aprendi uma lição: nunca se sente na sala de edição após o fim das gravações, porque isso prejudica seu julgamento", explicou ao Deadline.
"A única razão pela qual cortei Cruzada foi o cansaço genuíno. E então o estúdio exigiu uma versão: ‘Vamos! Não precisamos de toda essa história secundária em torno dessa mulher!’ Estupidamente, aceitei", completa.
Atualmente, Cruzada pode ser visto no catálogo do Disney+.