O Eternauta: Após vários fracassos, Netflix realiza sonho dos fãs de ficção científica com história considerada "inadaptável"
Bruno Botelho dos Santos
Bruno Botelho dos Santos
-Redator | crítico
Bruno é redator e crítico do AdoroCinema, que divide seu tempo na cultura pop entre tomar susto com os mais diversos filmes de terror, assistir os clássicos do cinema ou os grandes blockbusters e enaltecer o trabalho de David Lynch e Stanley Kubrick.

O Eternauta está fazendo sucesso no catálogo da Netflix, após décadas de tentativas fracassadas na adaptação da HQ argentina.

O Eternauta não é apenas um sucesso no catálogo da Netflix, mas a realização de um sonho dos fãs de ficção científica na adaptação da aclamada história em quadrinhos argentina considerável "inadaptável" – após décadas de tentativas fracassadas.

As fracassadas tentativas de adaptar O Eternauta

O Eternauta
O Eternauta
Data de lançamento 2025-04-30
Séries : O Eternauta
Com Ricardo Darín, Carla Peterson, César Troncoso
Usuários
3,8
Assistir em streaming

O Eternauta foi publicado originalmente entre 1957 e 1959, com arte de Francisco Solano López e escrito por Héctor Germán Oesterheld. Desde os anos 60, tiveram várias tentativas de adaptação da história em quadrinhos argentina e todas fracassaram – um cenário que finalmente mudou com o lançamento da série pela Netflix.

A primeira tentativa de adaptar O Eternauta foi em 1968, como uma série de curtas animados em rotoscopia pela Gil & Bertolini, mas nem o episódio piloto do projeto foi concluído por falta de dinheiro. A partir de então, cineastas renomados tentaram levar (sem sucesso) O Eternauta para o cinema, como Pino Solanas, Adolfo Aristarain, Gustavo Mosquera, Damián Szifron, Lucrecia Martel e Álex de la Iglesia.

"Muitas vezes, quando um cineasta lança um filme que faz sucesso, seja em termos de público ou prestígio, logo pergunta sobre os direitos de O Eternauta", conta Martín Oesterheld, neto do criador da HQ Héctor Germán Oesterheld, em entrevista ao TN Show. "O limite não eram as ideias, mas logicamente a produção. Esse era o verdadeiro desafio".

Após décadas de sonhos, O Eternauta finalmente se tornou realidade na Netflix

Netflix

Segundo Martín Oesterheld, quem chegou mais perto de sucesso foi Lucrecia Martel, diretora de A Mulher Sem Cabeça, contratada em 2008 para uma adaptação nas telonas. As coisas deram errado quando seu roteiro "se distanciou muito da história original".

Quem estava por trás do projeto era a produtora argentina K&S Films, mesma responsável pela série em parceria com a Netflix. Matías Mosteirín, gerente da produtora, explicou ao La Tercera o motivo para o fracasso de várias tentativas anteriores de adaptação.

O Eternauta é claramente uma obra cinematográfica; tudo o que é claramente cinematográfico é sempre muito perigoso. É uma obra com uma ótima premissa, uma premissa muito profunda e impactante, mas é muito difícil adaptá-la a uma estrutura de três atos justamente por causa de sua natureza episódica

O jogo virou quando surgiu a ideia de fazer O Eternauta em formato de série, o que se tornou possível graças aos recursos de uma plataforma gigante como a Netflix.

O responsável pela adaptação é Bruno Stagnaro, que revelou à TIME como foi um processo complexo. "Narrativamente falando, O Eternauta reúne elementos muito diferentes que coexistem. Também foi difícil porque é uma obra com um legado enorme, um peso enorme e altas expectativas, especialmente aqui no nosso país. Tentei me proteger disso me baseando na minha experiência como leitor da obra, desde quando eu era muito jovem, e depois nas leituras sucessivas que fiz à medida que fui crescendo. É uma obra que teve uma enorme influência no meu próprio desenvolvimento e na minha carreira".

facebook Tweet
Links relacionados