
Psicopata Americano completou 25 anos de lançamento no início dessa semana — o filme estreou nos Estados Unidos em 14 de abril de 2000 — e a diretora Mary Harron aproveitou a ocasião para falar sobre as interpretações que os "caras de Wall Street" tiveram sobre o filme.
Na adaptação cinematográfica de Psicopata Americano, baseada no livro original de Bret Easton Ellis, Christian Bale deu vida a Patrick Bateman, um jovem branco, bonito e sem nada que o diferencie de seus colegas de Wall Street. Fora do horário de trabalho, o rapaz era um serial killer movido pelo materialismo, inveja e misoginia.
Em entrevista à Letterboxd Journal, a diretora de Psicopata Americano deixou claro que a intenção do filme não era fazer com que Patrick Bateman fosse visto como um personagem sério — e muito menos como alguém que devesse ser idolatrado.

"Sempre fico tão perplexa com isso. Não acho que [a corroteirista Guinevere Turner] e eu jamais esperávamos que isso fosse aceito pelos caras de Wall Street. Não era essa a nossa intenção. Então, falhamos? Não sei por que [aconteceu], porque Christian está claramente zombando deles… Mas as pessoas leem a Bíblia e decidem que deveriam matar muita gente. As pessoas leem O Apanhador no Campo de Centeio e decidem atirar no presidente."
Mary Harron entende que o TikTok e os memes desempenharam um papel na idolatria ao protagonista do filme porque "[Bateman] é bonito, usa bons ternos, tem dinheiro e poder. Mas, ao mesmo tempo, ele é retratado como alguém nerd e ridículo. Quando ele está em uma boate e tenta falar com alguém sobre hip hop, é tão constrangedor quando ele tenta ser descolado".
Psicopata Americano será adaptado novamente: Dessa vez, ator de Irmãos Menendez quer interpretar o serial killerAlém disso, a cineasta considera irônico que tantos homens aspirem a ser Patrick Bateman, já que, para ela, Psicopata Americano é "uma sátira gay à masculinidade".
“[Bret Easton Ellis, autor do livro] ser gay permitiu que ele visse os rituais homoeróticos entre esses machos alfa, o que também é verdade nos esportes, e é verdade em Wall Street, e em todas essas coisas em que os homens prezam sua competição extrema e seu tipo de elevação de suas proezas", disse a diretora. “Há algo muito, muito gay na maneira como eles fetichizam a aparência e a academia.”