"Queríamos ter certeza de que eles assistiriam": Esta grande mudança em The Electric State pode ter alterado o destino do filme

Novo filme dos irmãos Russo para a Netflix é baseado em uma graphic novel de 2018.

Bem longe da Marvel, os Irmãos Russos deram um novo passo rumo a outra gigante vermelha. Atualmente, considerado o filme mais caro da Netflix, The Electric State apresenta uma realidade alternativa e retrofuturista da década de 90, onde robôs conscientes convivem entre os humanos.

Estrelado por Millie Bobby Brown e Chris Pratt, o filme, lançado no dia 14, está entre os mais assistidos da plataforma, mas sua popularidade, tanto entre o público quanto entre os críticos, parece ser bem mais baixa. Mesmo custando 320 milhões de dólares, The Electric State é apontado como o pior filme da carreira de Joe e Anthony Russo.

Mudanças entre a obra original e adaptação do filme

O motivo dessa recepção pode estar exatamente na forma como os cineastas adaptaram a obra de Simon Stålenhag, autor da graphic novel original lançada em 2018. Bem diferente do que encontramos no filme, a obra de Stålenhag tem um tom mais semelhante ao de Blade Runner e do anime Ghost in the Shell, com denúncias claras sobre o avanço tecnológico dentro de uma sociedade excessivamente consumista.

No entanto, a escolha deliberada dos irmãos foi modificar o tom sério do livro para construir algo mais voltado para o público familiar. Em uma entrevista ao site ScreenRant, Joe Russo explicou que essa decisão foi discutida com o autor, e a justificativa dada foi plausível para ele.

“É uma mudança interessante para um tom mais familiar, porque sentimos que a mensagem sobre tecnologia que estava na graphic novel era mais importante para ser ouvida por públicos mais jovens, e queríamos ter certeza de que eles assistiriam ao filme. Então, é um filme de amplo apelo. É um filme familiar. Uma criança de 6 anos pode assistir, uma de 80 anos também, e todos entre os dois [podem assistir].”

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Ainda durante a conversa, o cineasta afirmou que Stålenha, que tem duas filhas mais novas, sentiu que era importante a mudança de tom, para que a história também alcançasse seus filhos. Apesar de a intenção de ampliar o diálogo para os mais jovens ser válida, a nova abordagem acabou se perdendo no limbo entre tentar ser levado a sério e agradar a todos, o que resultou em uma desconexão com a mensagem e a história original.

Não por acaso, os principais sites norte-americanos, como The New York Times, definiram o filme como "óbvio, espalhafatoso e simplesmente besta". Os números positivos de espectadores talvez não sejam suficientes para impedir que a história de The Electric State seja facilmente esquecida entre outras tantas produções de aventura disponíveis na Netflix. No fim das contas, a história original de Stålenhag pode não chegar a todos, como se esperava.