David Fincher se afasta brevemente de sua marca registrada no suspense para dirigir não apenas o melhor filme biográfico deste século, mas talvez a obra que melhor explique os últimos 15 anos que vivemos. Estamos falando de A Rede Social, de 2010, que foi escrito por Aaron Sorkin e pode ser visto em streaming na Netflix e na Max.
Um império solitário
Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg) é um gênio da computação que estuda em Harvard, mas se sente marginalizado pelas elites estudantis. É por isso que ele e seus colegas de classe criaram uma rede social igualitária chamada TheFacebook, que mais tarde se tornaria um fenômeno global que o transformaria no mais jovem bilionário da história. O sucesso, no entanto, o leva a complicações em sua vida social e profissional.
É um desafio tentar desvendar alguém tão deliberadamente opaco e indecifrável como Zuckerberg. Mas o roteirista e o diretor fazem um ótimo trabalho ao estudar o ambiente ao seu redor para entender suas motivações e, no processo, nos dão um manual para entender os grandes magnatas das atuais start-ups no Vale do Silício.
Suas necessidades de validação extrema são mascaradas em uma tentativa de se tornarem sociais-democratas, o que, no entanto, só visa colocá-los no privilégio contra o qual afirmam estar lutando.
A Rede Social: Destrinchando a cinebiografia
Fincher identifica astutamente as dinâmicas de poder que ocorrem num contexto elitista, como uma universidade cara e prestigiada, onde se espera a dominação e há devassidão infantil, e mostra-nos como são essas pessoas que acessam posições influentes (no governo, empresas etc.).
Ele é capaz de corrigir qualquer tendência de Sorkin de querer demonstrar simpatia por seu protagonista nerd, e ele emprega bem o tom do cinismo, além de revolucionar algumas tendências estagnadas da cinebiografia.
A introdução já é sensacional, pegando os diálogos acelerados de Sorkin e fazendo com que os personagens os entreguem ainda mais rápido para energizar e obrigar o espectador a prestar atenção. As cenas de conversas sempre têm dinamismo, são sempre montadas com energia e tensão, e sua forma de utilizar a tecnologia digital dá uma textura diferenciada, assim como a excelente trilha sonora eletrônica de Trent Reznor e Atticus Ross.
Em 2011, A Rede Social foi indicada a oito categorias no Oscar (incluindo melhor filme, melhor diretor e melhor ator para Jesse Eisenberg) e conquistou três prêmios: melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor trilha sonora.
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