"Upside Down é um filme de contrastes extremos. Ao mesmo tempo em que agrada muito em determinados aspectos, decepciona em outros. Com ele, o diretor e roteirista Juan Solanas se propõe a contar uma história de amor diferente, mas que leva em sua essência aquela impossibilidade shakespeariana de amar, já bem conhecida. O pano de fundo é mais ou menos o seguinte: em uma realidade paralela, pessoas vivem em planetas gêmeos, que se posicionam um sobre o outro, de forma espelhada. Ou seja, quando os habitantes do topo olham para cima, eles veem os habitantes debaixo também olhando para cima.
Em sua essência, a obra fala sobre diferenças. Seu contexto evidência uma obvia separação de castas, e possui argumentos que distanciam ainda mais os dois mundos - como questões de inferioridade financeira, social e cultural -, com o lado pobre sendo uma colônia de exploração de petróleo, e com sua população vivendo controlada por um governo truculento (um cenário distópico). Lá tudo é sujo, escuro, frio, e por isso lhes resta a alcunha de "o lado de baixo". Já no "lado de cima" tudo é diferente, iluminado, belíssimo e acolhedor. A riqueza transborda para o povo pelas veias (cheias de petróleo) da empresa que controla tudo e todos nestes dois mundos, a TransWorld, única ligação entre eles.
Só que o grande problema mesmo, que separa os dois apaixonados fisicamente, é a estranha força gravitacional que se aplica sobre os dois planetas. Não importa onde você esteja, a gravidade sempre o atrairá ao seu mundo de origem.
Possuí um visual arrebatador. Com muita criatividade e ousadia, o diretor oferta momentos de beleza admirável, com fotografia reluzente, ângulos inovadores, enquadramentos inteligentes, e o uso mais que correto de efeitos especiais deslumbrantes. O resultado é uma surpreendente pintura, praticamente surrealista, que ressalta a simetria de homens e mulheres interagindo e se relacionando em planetas invertidos."
Com um final pouco entusiasmado e que poderia ser mais aproveitado, esse é o pecado de Mundos Opostos que poderia se tornar um imenso sucesso de bilheterias, mas o filme é mágico e poético. Vale muito a pena conferir.