A cinegrafia do diretor inglês Mike Figgis conta com trabalhos sensíveis como "Despedida em Las Vegas", de 1995, a outros cuja finalidade comercial se sobrepõe a quaisquer constructos artísticos, como, por exemplo "Mr. Jones", de 1993 e "Miss Julie", de 1999. "Garganta do diabo", já digo de início, flerta mais com os objetivos financeiros. O tema aqui é a clássica fuga de uma família do agressivo centro urbano (Nova Iorque) para um lugar bucólico, Creek Manor. Cooper Tilson (Dennis Quaid) e Leah Tilson (Sharon Stone, quem te viu, quem te vê) não têm idéia de que ao adquirir uma mansão por uma pechincha, iriam ter de enfrentar o único sobrevivente da família que habitara a casa no passado, Dale (Stephen Dorff). Este, por sua vez, faz o vilão-psicopata que vai atormentar a vida da família Tilson. E a explicação para o comportamento psicopático de Dale é que ele sofreu todo tipo de abuso psicológico por parte do seu pai, que vive num residencial para idosos. Enfim, o filme no seu terço final resume-se a uma batalha campal entre a família Tilson e Dale. A criação do personagem de Stephen Dorff é cheia de lugares-comuns, incapaz de criar algum tipo de reação no espectador além de um vazio intenso. Dennis Quaid e Sharon ex-Tone também estão horrpíveis e mal dirigidos. Mike Figgis teve a intenção de fazer um "thriller" da mesma qualidade de "O silêncio dos inocentes" e "Cabo do medo", para citar dois exemplos. Talvez, se Figgis tiver algumas aulas com os diretores Jonathan Demme e, principalmente, com Martin Scorsese, ele possa um dia chegar lá.