Professor Polvo: Críticas - Página 2

Existe um método científico conhecido como Etnografia. Nele, você faz um estudo descritivo sobre uma determinada cultura ou comportamento. Para tanto, faz-se necessário que o pesquisador se insira diretamente neste universo, passando a viver como um integrante deste grupo. É justamente isso que acontecerá com Craig Foster, o narrador do documentário "Professor Polvo", dirigido por Pippa Ehrlich e James Reed.

Pelo período de um ano, Craig mergulhará, literalmente, no mundo de uma floresta subaquática localizada na ponta da África. Neste local, além de se familiarizar com as diversas espécies que existem lá, Craig desenvolverá uma afeição especial por um polvo-fêmea e passará a acompanhar seus movimentos e comportamentos. Na medida em que se relaciona com a criatura, Craig vai conquistando, aos poucos, a sua confiança. O que o documentário enfoca, principalmente, é que, da mesma forma que o polvo-fêmea vai se abrindo para Craig, o mesmo ocorre no sentido contrário; e Craig se transforma profundamente com as trocas e com as experiências vividas naquele ano em particular.

Um outro detalhe que chama a atenção em "Professor Polvo" é a reverência que Craig sente em relação ao ambiente marítimo. Ele respeita demais a floresta subaquática na qual o seu amigo polvo-fêmea vive, procurando compreendê-lo ao máximo e sendo o menos invasivo possível. Não à toa, ele credita a esta experiência a sua cura da fadiga adrenal, do estresse. Craig reencontrou o sentido da sua vida, ressignificou seus relacionamentos pessoais e se viu, novamente, diante do amor pelo que ele fazia ao vivenciar esta experiência.

Como documentário, "Professor Polvo" é uma experiência interessante. Da mesma forma que ocorreu com Craig, também nos sentiremos muito atraídos pelo polvo-fêmea, por aquele ambiente subaquático, e nos pegaremos compartilhando dos mesmos sentimentos que ele em momentos-chaves do filme. Ao final, eu até me surpreendi por estar me sentindo verdadeiramente triste com tudo o que estava acontecendo - mesmo compreendendo que, para a vida surgir, muitas vezes, é necessário uma cota de sacrifício.