A declaração de Will Smith "Eu sempre evitei fazer filmes sobre escravidão. Eu queria ser um super-herói. Queria mostrar a excelência negra junto aos meus colegas brancos. Queria os papéis que normalmente dariam a Tom Cruise." representa perfeitamente em que Antoine Fuqua, um diretor medíocre, auxiliado pela fotografia duvidosa de Robert Richardson (Não é branco e preto. É cor esmaecida com alguns destaques para o verde da vegetação e o vermelho do sangue.) e pela trilha sonora do brasileiro Marcelo Zarvos que pretende a antecipação de emoções, conseguiu transformar o exemplo de tenacidade e, vá lá, de resiliência (odeio esta palavra!) de um escravo cujas fotos expuseram a selvageria e a hipocrisia do colonizador imperialista. Na época do Papa Paulo III, por volta de 1530, houve uma reunião de cardeais no Vaticano para decidir se indígenas e africanos possuíam alma. Ao negar a humanidade a alguém abre-se a possibilidade de jogar com a sua existência ao bel prazer do seu proprietário. Os exageros mostrados neste filme, bem como a transformação do escravo Gordon, o "Peter Chicoteado" das fotos, em um quase super-herói retira dele a sua humanidade e transforma a sua história em mero entretenimento. Lembra muito o que Mel Gibson fez com a sua "Paixão de Cristo".