Assistir aos filmes da Pixar é uma experiência enriquecedora, não é mesmo? Embora haja quem argumente que a essência dos filmes tenha ficado para trás, em minha opinião, a fórmula clássica continua sendo seguida com precisão. É notável que, ao optar pela segurança, a Pixar adere estritamente à sua receita tradicional: mantém uma qualidade excepcional, emprega tramas familiares com arcos narrativos e elementos semelhantes a produções anteriores, e apela constantemente às emoções.
Seguir essa fórmula não implica necessariamente em um filme de qualidade inferior; ao contrário, "Elementos" adere meticulosamente a esses princípios e quase atinge o patamar das grandes produções do estúdio.
"Elementos" apresenta elementos que o destacam da monotonia característica da Pixar, sendo um deles o universo concebido por Peter Sohn. A riqueza de detalhes nesse cenário é surpreendente, conferindo personalidade ao mundo criado e estabelecendo-se como um dos universos mais vívidos da Pixar.
O roteiro consegue cativar o público ao desenvolver personagens com maestria, dispensando até mesmo a presença de um vilão. Ele se concentra em conceder profundidade e relevância a todos os personagens, não apenas aos protagonistas, incluindo os coadjuvantes nesse cuidadoso desenvolvimento.
Contudo, o ponto alto de destaque reside na dupla de protagonistas. Seguindo o clássico conceito de "os opostos se atraem", em "Elementos", a diferença física entre os protagonistas é central. O roteiro enfatiza essa disparidade tanto nos diálogos quanto visualmente, para posteriormente demonstrar, de forma clássica e até científica, que ambos se complementam.
A química e a profundidade do relacionamento que os protagonistas constroem cativam o espectador, levando-o a torcer e vibrar pela união dos dois.