Existe um senso de urgência em "Tick, Tick... Boom!", musical dirigido por Lin-Manuel Miranda. O senso de urgência de alguém (Jonathan Larson - interpretado por Andrew Garfield) que chega aos 30 anos sentindo que não realizou ainda algo importante na vida; que sente que os seus esforços, talvez, tenham sido em vão; e que ele precise, talvez também, reavaliar os rumos futuros da sua vida. O senso de urgência se torna ainda mais forte, pois estamos na Nova York do fim da década de 80, e a epidemia da AIDS está levando muitos dos amigos de Jonathan.
Movido por esta inquietação, e também pela decepção com a recepção que o musical ("Superbia") que ele escreveu e se dedicou pelo período de oito anos recebeu, Jonathan Larson escreveu o monólogo rock "Tick, Tick... BOOM!". É justamente este material que dá base ao que assistiremos em tela, na estreia de Lin-Manuel Miranda como diretor de um longa-metragem.
Resumindo de uma maneira bem simples, "Tick, Tick... BOOM!" é um filme sobre alguém apaixonado pela arte e que é movido por isso, ao ponto de se inspirar em tudo o que está ao seu redor e transformar isso em música. "Tick, Tick... BOOM!" é um filme sobre alguém que acreditou em si mesmo, em seu potencial e que seguiu em frente, mesmo com todas as dificuldades ao seu redor. A grande ironia da história de Jonathan Larson é que ele não viveu para ver isto se tornar realidade. Ele faleceu no dia 25 de janeiro de 1996, na noite anterior a da estreia do musical "Rent", que ele escreveu e que se tornou um grande sucesso, sendo encenado por 12 anos, transformando o teatro musical com seus elementos novos.
Avaliando, agora, os elementos técnicos de "Tick, Tick... BOOM!", o filme se aproveita da experiência de Lin-Manuel Miranda no gênero musical e consegue nos entregar algumas das cenas mais legais deste gênero desde que ele foi revitalizado em obras como "Moulin Rouge! - Amor em Vermelho" e "Chicago''. Porém, o maior acerto de Lin-Manuel Miranda foi na escalação de Andrew Garfield para o papel principal. Seu Jonathan Larson é a alma e o coração deste filme, numa performance que se iguala ao melhor momento da carreira do ator, em "Silêncio", filme de Martin Scorsese.