Todo Mundo em Pânico... Ou, como eu gosto de chamar, "Pânico, Mas Se Fosse Dirigido por um Bando de Adolescentes Chapados". Lançado em 2000, esse filme é a prova definitiva de que você não precisa de bom gosto, sutileza ou mesmo coerência para fazer sucesso. Basta juntar todas as referências pop possíveis, adicionar umas piadas sobre sêmen e deixar os irmãos Wayans soltos como cães em um parque de salsichas.
O filme começa com uma cena que já entrega o tom: uma paródia de Pânico onde a loira burra (Carmen Electra, porque claro que é) morre de uma forma tão absurda que até o assassino deve ter pensado "Caramba, exagerei". Ela é esfaqueada, atropelada, e ainda tem seu implante de silicone arrancado como se fosse um cupom de desconto. E isso tudo nos primeiros cinco minutos! Se você não riu, provavelmente já está morto por dentro.
A história (se é que podemos chamar disso) segue um grupo de adolescentes que, após atropelar um homem e esconder o corpo, são perseguidos por um assassino mascarado. Mas, sinceramente, a trama é só uma desculpa para encaixar piadas sobre filmes de terror, Matrix, Buffy e até Shakespeare Apaixonado (sim, o filme consegue ser aleatório ao ponto de parodiar um drama romântico).
- Cindy Campbell (Anna Faris): A protagonista que é tão desastrada que faz a Laurie Strode parecer a Lara Croft. Ela é a típica virgem inocente que, quando finalmente transa, é catapultada para o teto por um jato de sêmen digno de um filme da Marvel. Ah, e ela ainda acha que sabe lutar porque assistiu Matrix. Spoiler: ela não sabe.
- Brenda Meeks (Regina Hall): A verdadeira estrela do filme. Seu timing cômico é tão afiado que até o assassino hesita antes de matá-la. Sua morte no cinema, esfaqueada por uma plateia irritada, é uma das melhores críticas sociais disfarçadas de humor negro que já vi. "Shakespeare Apaixonado" nunca foi tão violento.
- Bobby (Jon Abrahams): O namorado que obviamente é gay, mas só assume no final, depois de participar de um plano de assassinato completamente sem sentido. Sua morte é tão exagerada que parece uma metáfora para o fim da carreira de atores que aceitam papéis em paródias.
- Doofy (Dave Sheridan): O policial "deficiente mental" que, no final, revela ser o assassino (surpresa, ninguém viu essa vindo). Sua cena pós-créditos fazendo sexo com um aspirador é o fechamento perfeito para um filme que já abandonou qualquer resquício de sanidade.
O humor aqui varia entre "Isso é genial" e "Meu Deus, o que eu acabei de ver?". Temos desde:
- Humor escatológico: O assassino fumando maconha com o Shorty (Marlon Wayans) antes de matar geral.
- Humor sexual: A cena do sexo que vira um desastre de efeitos especiais, porque nada diz "romance" como ejaculação em slow motion.
- Humor negro: A cabeça decepada de Buffy falando até ser jogada no lixo.
E, claro, não podemos esquecer da "lição de moral" do Shorty no pós-créditos, ensinando como sobreviver a um filme de terror... antes de sair roubando um posto. Mensagem linda.
Todo Mundo em Pânico é um filme que você ama ou odeia, mas dificilmente esquece. É como um acidente de trânsito: horrível, mas você não consegue desviar o olhar. Ele não respeita nada – nem os filmes que parodia, nem o público, nem mesmo a lógica básica da narrativa.
Mas, no fim das contas, é justamente essa falta de respeito que o torna tão divertido. É um filme que sabe que é ridículo e abraça isso com força. E, convenhamos, em um mundo onde os filmes de terror levam a si mesmos tão a sério, às vezes você só quer ver uma loira morrendo porque seu pai estava mamando no volante.