No ano de 2012, o cardeal Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce) assume a decisão de se aposentar devido a divergências que suas percepções acerca do catolicismo têm tomado em relação ao papado. Com viagem marcada para Roma, já que precisa do aceite do Papa Bento XVI, Bergoglio se reúne com o pontífice e juntos debatem sobre a igreja, o passado, futuro e amigavelmente o que entendem como prosperidade.
Comandado com grande maestria pelo brasileiro Fernando Meireles, DOIS PAPAS traduz para as telas um período no qual a igreja católica passou, de forma inesperada, por inusitadas mudanças. A começar pela renúncia do papa, algo que não ocorria a séculos, e pela chegada de um politicamente progressista dirigente máximo do catolicismo. O roteiro transita com perspicácia por momentos sutis de diversão, enquanto prepara outros com doses cavalares de drama, em especial pelo passado caótico e triste vivido por Bergoglio.
Pryce e Anthony Hopkins, este que vive Bento XVI, estão um deslumbre em interpretações, entregando dois personagens que são ao mesmo tempo recheados de carisma e complexidade, haja vista suas posições ímpares dentro do enredo. A história transita muito bem entre as posições críticas que cada um exerce dentro da igreja, ao mesmo tempo que discute as complicações inerentes aos bastidores do ambiente do Vaticano. É um filme que atende bem a qualquer tipo de público, independente da carga religiosa implícita, o longa pretende, com seu teor documental, funcionar como entretenimento, algo que efetivamente alcança com grande brilhantismo, tanto narrativo quanto técnico.