Quando vi o trailer pela primeira vez, assim que acabou eu já sabia que este filme não decepcionaria, eu enxerguei um potencial muito grande no filme, vi uma ótima história ali, e sabia que este seria um tipo de terror/suspense que me agradaria, visto que filmes de terror não são muito o meu forte.
Filmado com baixo orçamento, sendo uma ideia de Bryan Woods e Scott Beck, roteiristas do filme, junto com John Krasinski, e tendo produção de Michael Bay (da franquia Transformers), o filme além de ser ótimo, foi muito bem dirigido, muito bem arquitetado, tem um efeito visual mais do que competente, uma fotografia sensacional, um roteiro direto e filmado com ares de curta metragem, que na verdade seria a premissa mais certeira para o filme. Junta-se a isso tudo uma trilha sonora sensacional composta por Marco Beltrami, que fez uma música bem soturna, cheia de densidade que casa certeiramente com o suspense presente durante o filme, entrando nos momentos chave, permeando a falta de som e fala, uma vez uqe 90% do filme é apenas sinais e sussurros.
'Um Lugar Silencioso', estrelado por Emily Blunt (O Diabo Veste Prada), Millicent Simmonds, Noah Jupe e o próprio Krasisnki, conta a história de uma família que em um futuro apocalíptico, precisam viver sem emitir nenhum som, pois criaturas alienígenas invadiram a terra e ao ouvirem qualquer som, imediatamente eles atacam este emissor, e se for um ser humano é morte na certa... por esta razão, boa parte dos seres humanos foram dizimados. Dentro deste cenário a família Abbott além de sobreviver sem fazer nenhum som, tendo que se comunicar através de sinais da linguagens dos surdos, sendo que um de seus filhos é surda, precisam se locomer sem a ajuda de automóveis, e têm que lidar com a impaciência e medos dos filhos e uma gravidez da Mãe Abbott (Emily Blunt).
O ponto certeiro do filme ao meu ver, é não se preocupar em explicar o porquê disto ter ocorrido, nem como começou, muito menos as consequências de se viver em um mundo como este, a história foca apenas na família e sua jornada e seus contratempos, e chega a ser uma mensagem forte e singela de como é viver em um mundo sem sons, mundo este que os deficientes auditivos vivem diariamente. Dentro de todo este contexto fantasioso, o filme passa uma mensagem sobre a surdez, ou a parcialidade dela, e ainda nos instiga a querer aprender mais da linguagem dos sinais, mesmo se um dia não precisemos usá-los de fato, porém, conhecimento sempre é bem-vindo.
O filme é um terror/suspense que há muito não parecia no cinema, diferente do que vinha sendo feito na última década, onde ficou batido e sem graça. Há vários momentos de tensão, de agonia com cenas como a do prego ou a da banheira, há sustos também como na cena dos esquilos (ou eram ratos?).
E como o filme tem pouquíssimas falas, sendo quieto em sua maioria, é impossível você não ficar quieto também, você imerge dentro do universo do filme e sente que não pode emitir nenhum som, afim de também não querer chamar a atenção das criaturas para a família Abbott. Isto faz com que a Edição de Som do filme trabalhe bem para suprir a falta de falas, e casar bem com a trilha sonora, e eles o fazem primorosamente, pois facilmente este filme poderia ganhar uma indicação em qualquer premiação só pelo sua edição de som.
Todos os atores estão bem no filme, sem exceção... não vou focar em Krasinski e Blunt pois é chover no molhado, eles estão mais do que perfeitos em seus papéis e no que transmitem aos seus personagens, suas inseguranças, medos e a necessidade de serem mais do que pais, e sim, serem protetores de suas crias.
Apesar de Noah Jupe estar muito bem no filme, e ir muito bem em suas cenas finais quando solta os fogos, é em Millicent Simmonds, que para mim está o destaque do filme, gostei muito dela como a filha surda do casal, a que carrega uma culpa durante o filme, a garota que não se sente tão amada assim por carregar essa culpa, e por não ter uma dimensão tão completa das criaturas pelo fato de não ouvir sons, e não saber quando o perigo é iminente a não ser quando tem o visual da figura completa. Além é claro de segurar bem o lado dramático de sua personagem, que carrega durante todo o filme com expressões faciais muito boas, dignas de uma ótima atuação.
Com certeza o filme do ano de 2018, o mais autêntico, o mais original, curto e grosso, com um final modesto e direto, como um soco no estômago, com uma premissa de Curta metragem, que funcionou muito bem como um Longa Metragem de 1H30 bem distribuído. Este filme, seria um pecado não ter em sua coleção de DVD's/Blu-Rays.