Em tempos onde o frenesi informativo beira a loucura, este filme pode ser, para a maioria das pessoas, uma obra de difícil acompanhamento e apreciação. Sua narrativa é cadenciada propositalmente para se parecer com um livro, ou seja, lenta e gradual. Seu terror e suspense é muito mais psicológico do que visual, tendo como principal tema a sombra da morte, e a finitude de tudo o que é belo. Nesse aspecto, podemos fazer paralelos interessantes com o magnífico livro de Oscar Wilde chamado: O Retrato de Dorian Gray e os contos mais lúgubres do mestre Edgar Allan Poe. Ainda sobre Wilde e o seu citado livro, podemos notar que o filme fala sobre os perigos da leitura de certas "obras venenosas", título esse, atribuído ao Retrato de Dorian Gray devido a sua temática sombria, questionadora, blasfêma, imoral e afrontosa para os padrões da sociedade inglesa da época. A direção de arte, montagem e som são espetaculares, capazes de causar desconforto com momentos e enquadramentos "banais" como por exemplo, o bréu presente em uma porta aberta de um cômodo escuro ou o abrir de uma caixa antiga. As atuações são boas, com destaque para a intérprete da Íris (A velha escritora). Outro ponto positivo, é que a película não si trata de um filme expositivo, deixando a interpretação para o telespectador, porém, entregando aquilo que é necessário para que tais conclusões sejam feitas de forma lógica e desprovida de ginásticas mentais.
Para os amantes dos citados autores e/ou um suspense cabeça, recomendo fortemente, do contrário, aos fãs de Blockbuster tais quais o Invocaverso ou Velozes e Furiosos, é melhor evitar.