E hoje minha atenção vai... para M. Night Shyamalan, com o filme Fragmentado, marcando o retorno do gênio por trás de O Sexto Sentido (1999). A trama se sustenta em uma bela abordagem psicológica, contando com uma atuação brilhante de James McAvoy (de longe a melhor de sua carreira), um bom enredo, despertando a atenção e curiosidade do espectador. O trailer acabou abusando de espaços para explorá-lo, mas ao mesmo tempo o filme conseguiu ser muito mais do que se apresentou. James McAvoy entra na pele de muitos personagens num só, ou seja, as 23 personalidades de Kevin Wendell Crumb, o perturbado protagonista de fragmentado, sofrendo de Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI), mal que atinge Kevin. A rigor, Kevin é a personalidade que não vemos. Na primeira sequência, é o ultra controlador Dennis quem está no comando, atacando um pai (Neal Huff) que iria conduzir num carro para casa, a própria filha, Claire (Haley Lu Richardson) e as amigas Marcia (Jessica Sula) e Casey (Anya Taylor-Joy, de A Bruxa). Usando um spray paralisante, ele sequestra as meninas, trancando-as num porão, que será um dos cenários claustrofóbicos do filme. Paralelamente, conta-se a história de uma garota de 5 anos (Izzie Coffey), que acompanha o pai (Sebastian Arceles) e um tio (Brad William Henke) em caçadas. Aos poucos, essa trama fará sentido e conectará com o eixo principal. O filme passa a ter um desenvolvimento um pouco parado, deixando o espectador entediado, ficando muito focado nas visitas de Kevin a psiquiatra, Karen Fletcher (Betty Buckley). Meio que Shyamalan usou para explicar aquilo que não poderia mostrar com imagens. O filme teve um final bem trabalhado onde mais uma vez retoma a atenção do público, com muita ação e suspense, fazendo ligações bombásticas, contando com uma atuação sensacional de Anya Taylor-Joy. De forma geral um bom filme, bem diferente do que Shyamalan vinha produzindo nos últimos anos, superando com folga minhas expectativas.