Se não viu o filme não leia este comentário com pontos importantes da trama: Seu Bezerides fotografa com uma ou duas semanas de antecedência. Ele vê na foto seu chapéu, mancha de sangue na janela e o desenho com um cilindro que ele tem num outro quarto dele. Pensando que a mancha é dele, ele vai até o quarto procurar o cilindro e sofre um acidente e morre. A Callie descobre que a máquina tira uma foto diária e outra noturna. Ela escreve seus bilhetes por saber o que vai acontecer vendo as fotos noturnas. Quando Finn chega com a mala pronta para partir ela deveria ter mostrado a ele a foto noturna com as fitas da polícia, mas preferiu trocar esta por outra, para causar ciúmes. O Finn desenha o cilindro para atrair seu Bezerides para o quarto, pois precisa da chave que está no bolso dele. Quando termina o desenho, ele fica intrigado, pois Jasper já está morto, mas ele não está vendo a mancha de sangue na janela. Depois Callie, confusa, ainda achou que poderia mudar a foto com as fitas da polícia enviando outro bilhete, desta vez na foto noturna, para fugirem mas sem que o Finn a visse na janela com os dois bilhetes.
Sendo essencialmente um filme de câmara, já que se passa quase todo dentro da casa dos protagonistas, "Lapso do Tempo" é uma ficção científica (baseada num episódio do seriado "Além da Imaginação") que não precisa de um orçamento grande para entreter. Funcionando quase como estudo de personagens, nesse aspecto não se aprofunda tanto quanto poderia, limitando-se primeiramente a estabelecer os três protagonistas como jovens se entregando à noites regadas à drogas e bebedeiras, com o roteiro valorizando mais o suspense, particularmente em relação a nossa curiosidade em ver o que vai aparecer na próxima foto. Mas é na exploração de paradoxos temporais que o filme mostra nuances que o distingue de outros com o mesmo tema. Por causa do medo de contrariar o que aparece nas fotos os personagens começam a experimentar situações embaraçosas, apresentadas como falsos dilemas para cada um deles. Dilemas do tipo: A ocasião faz o ladrão... ou o ladrão faz a ocasião? Finn, por exemplo, a princípio não quer desenhar uma caveira que aparece numa tela sua em uma das fotos, por considerá-la estranha ao estilo que estava desenvolvendo, sem dar-se conta do que realmente a inspirou. O desenho é, ao mesmo tempo, tanto um indicador do que ele será capaz de fazer quanto um reflexo do que ele já tinha feito. Essa e outras situações da trama vão revelando personagens que nunca deixam de agir conforme sua falta de princípios e as circunstâncias do momento, mesmo quando parecem cerceados em seu livre-arbítrio.