Kryptonita nos Meus Neurônios: Como o Homem de Aço me Fez Questionar Meu Hiperfoco em Universos Cinematográficos Quebrados
Então... o Superman. O cara que voa, tem super-força, visão de calor (útil pra fazer pipoca durante crises existenciais) e ainda assim escolhe usar cuequinha vermelha por cima das calças justas. Como autista, só posso concluir: claramente, o senso de moda dele é um sintoma kryptoniano não diagnosticado. Mas ei, depois de décadas de filmes da DC mais oscilantes que meu nível de ansiedade numa festa com barulho de sirene, eis que James Gunn aparece com um novo Superman. E olha... é bom. Tipo, realmente bom. O que me leva a questionar: a DC finalmente tomou a medicação certa para o TDAH corporativo? Ou é só mais um pico antes do colapso inevitável?"
O Filme em Si: Uma Ode (Quase) Sem Resalhos:
David Corenswet como Clark/Superman? Perfeição. Ele consegue a proeza de ser tanto o nerd desajeitado que derruba cafés com a graça de um bebê girafa quanto o ser cósmico com peso do mundo nos ombros (literalmente, ele segura um prédio em certo momento). Lois Lane (Rachel Brosnahan) não é a dama em perigo – ela é a repórter cão de caça que faria o Lex Luthor trocar cuecas de medo. E Nicholas Hoult como Lex? Divino. É o bilionário psicopata com complexo de deus que todos amamos odiar, só que agora com um toque de meme vivo e uma insegurança tão palpável que chega a dar pena (quase).
Gunn acerta onde muitos erraram: o coração. A relação de Clark com os Kent (Jonathan e Martha) é terna, autêntica, e não apenas um trampolim dramático. A cena dele se recuperando na fazenda, assistindo a um vídeo caseiro dos pais humanos? Fui derretido como Kryptonita verde no micro-ondas. Até o nosso querido e amado Supercão Krypto rouba cenas – menos quando é sequestrado, aí a cena é só roubada mesmo (piada ruim? Culpe o espectro autista e o amor por trocadilhos forçados).
A Trama Multifacetada (ou: "Quantas Metáforas Você Quer, James?"):
A influência de "Superman For All Seasons" é clara e funciona. Ver Clark pelas lentes de Jonathan, Lois, Lex e Lana dá camadas interessantes. É como se cada personagem tivesse seu próprio "script interno" sobre quem o Superman é – algo que eu, autista, entendo muito bem (o mundo inteiro parece ter um script sobre você que você nunca leu). Lex manipulando a mensagem dos pais biológicos de Kal-El para pintá-lo como um conquistador alienígena? Genial e Perturbadoramente Atual. É o deep fake cósmico definitivo, e a reação pública virando contra o Sup é um retrato dolorosamente preciso da era do cancelamento instantâneo (e da estupidez coletiva).
A DCU: O Elefante (ou Morcego... ou Kriptoniano) na Sala:
Aqui é onde a resenha fica ácida como limão espremido no olho. DC Comics, minha querida disfuncional: VOCÊ TEM TUDO! Os melhores vilões (Coringa > Qualquer um da Marvel), as histórias mais loucas (Crise nas Infinitas Terras, qualquer coisa do Grant Morrison), os conceitos mais filosóficos (o que é justiça, Bruce?). Seu potencial para um universo cinematográfico que esbagaçaria a Marvel (sim, eu disse "esbagaçar", é politicamente incorreto e eu amo) é gigantesco. Maior que o ego do Lex.
ENTÃO POR QUE, PELO AMOR DE ZOD, VOCÊS INSISTEM EM COMEÇAR TUDO DE NOVO SEMPRE COM SUPERMAN E BATMAN?!
É como ter a chave mestra do multiverso e só usar pra abrir a mesma porta velha do porão, repetidamente, esperando que desta vez saia um unicórnio dourado em vez de um rato morto. "Deuses e Monstros" (o Capítulo 1 do DCU) até soa promissor. Mas, DC? Querida? Após o desastre do Snyderverso e a tentativa patética de copiar a Marvel com a Liga da Justiça (que foi mais "Liga da Justiça Social" do que super-heróis), os fãs estão traumatizados. Nós, neurodivergentes, entendemos de hiperfoco e desapontamento cíclico. Mas até nossa paciência tem limite. Vocês têm o potencial.
PARE DE REINICIAR O SUPERMAN A CADA 5 ANOS COMO SE FOSSE UM WINDOWS COM VÍRUS!
Dêem chance aos Lanternas Verdes, aos Meta-humanos do Caos, à Liga da Justiça Dark! Abram a caixa de areia do multiverso, não fiquem só cavando no mesmo buraco de Smallville!
O Ironicamente Delicioso:
O filme termina com Kara Zor-El (Supergirl) chegando BÊBADA pra buscar o Krypto. Isso. É. Ouro. É a DC em uma cena: potencial infinito para loucura gloriosa e inesperada (uma Supergirl bêbada!), mas ainda amarrada à nostalgia (Krypto). James Gunn, com essa cena, parece dizer: "Olhem, eu posso fazer o clássico com coração E trazer a doideira controlada."
É UM SINAL DE ESPERANÇA. Mas, DC? Se você estragar isso... eu juro por Rao que vou escrever uma resenha tão ácida que fará o Átomo encolher de vergonha.
"Superman" (2025) é um excelente filme. É emocionante, engraçado, bem atuado, tem coração e um vilão que você ama odiar. Elogios merecidos ao Gunn e ao elenco. MAS... é também um lembrete doloroso do potencial desperdiçado da DC. Fãs da DC merecem felicidade e obras boas consistentes, não só flashes de genialidade entre reinícios desesperados. Este Superman acerta.
Agora, DC, não meta os pés pelas mãos (ou pelos punhos laser). Usem essa base. Construam. Arrisquem. Sejam dignos do melhor herói de todos. Senão... bem, sempre teremos a Kara bêbada. E isso já é alguma coisa.